zer tambem todos os dias que me hia porem que nenhum de nos effeituaria esta resolução sem nova ordem. Como não acho nesta relação que Vossa Excellencia me fas feita menção de que o secretario comunicasse áquelles ministros, que depoes d'eu me haver valido d' Vossa Excellencia para a comodidade d'embarcação, em que pudesse passar a esse reyno como tinha determinado, sobreviera de novo mandar me declarar o Cardeal Barberino, como a Congregação rezolvera que eu não fosse recebido, e que d'ali em diante seria tratado como pessoa particular, e se removeria a guarda, que assistia a esta caza, como maes miudamente tenho escritto a Vossa Excellencia: e ultimamente avizara Sua Magestade a Vossa Excellencia como me ordenava, que se até 20 do prezente me não admitise Sua Santidade, ou não sinalace dia para o fazer me houvesse por respondido, e saisce de Roma com os maes ministros, voltando me para Portugal: fico tendo algua razão de duvidar que se o Cardeal Mazarini e monsieur de Chavigni teverão aquella noticia assi circunstanciada forão por ventura de contrario parecer e não julgarão por particular opinião minha o que he ja agora execução das ordens de Sua Santidade e de Sua Magestade e assy quando este negocio parara só em ser necessario satisfazer a Vossa Excellencia, entendo que assas justificado estava em tomar hua rezolução, que depoes vimos ter tomado Sua Magestade no mesmo tempo: porem como para a ser (sic) necessaria satis (sic) aos ministros de França a quem tanto devemos folgo muito de me someter ao seu juizo e lhes pode Vossa Excellencia dizer significar (sic) que eu me accomodo a me deter ate os dous mezes de novembro e dezembro, maes por mostrar a veneração com que abraço o seu conselho, que por esperar melhoramento algum poes te o propio Marques de Fontane me dis, que tem por certo que neste Pontificado se não defirira a esta embaxada, e com muito gosto tomo sobre mim a obrigação de dar conta a Sua Magestade desta alteração de suas ordens esperando do do (sic) Cardeal Duque de Rocheliu mande fazer o ultimo esforço nesta materia o qul (sic) so consiste em o Marques de Fontane se empenhar em se sair comigo. porem de 20 deste por diante hei de dizer que me saio na forma do que dis a carta de 15, quando succeda quererem por em pratica outra maior detença advirto a Vossa Excellencia, posto que não sera necessario que neste particular se respeita mais a conveniencia de França que o serviço de Sua Magestade, porque França interessa muito em não vir Embaixador d ElRei de Castella a Roma nesta occazião em que tanto se trata da guerra de Italia, e o serviço de Sua Magestade intereca tão pouco nisso, como a experiencia tem mostrado, não se me declarando que não seria recebido senão depois que aqui faltou o Embaixador de Castella, e posto que o interesse dos amiguos obrigue a muito não ha de ser com tanta perda da reputação propria. O masso que recebi de Sua Magestade com a carta d' Vossa Excellencia de 10 do passado era a segunda via, espero pella primeira com cuidado. A Liorne chegou hua embarcação de Lisboa partio em 8 do passado, e ainda que te o prezente não são chegados despachos de Sua Magestade os passageiros portuguezes assigurão, que Suas Magestades ficavão com saude, e erão entrados naquelle porto Antonio de Saldanha com as duas navetas da India arribadas a ilha Terceira, Antonio Telles com 2 naos de preza, e a frota do Rio de Janeiro, nas fronteiras avizão que ouve entradas de consideração com bom successo dos nossos de me parecco dar parte a Vossa Excellencia, porque não haverá porventura tido novas de tão pouco tempo, e de tanto gosto. Fico certo a tudo o que tocar ao serviço d' Vossa Excellencia. Deus guarde a Vossa Excellencia. Roma 9 de Novembro de 1642. que 1Nese masete pera o senhor Cardeal Mazarino vai hữa carta de Sua Magestade e na minha me remeto a Vossa Excellencia no que toca a informação do estado em que esta esta embajada--D. M. Bispo de Lamego 2. Carta do Bispo de Lamego, Embaixador em Roma, ao Conde da Vidigueira 1642- Novembro 10 Pello correio ordinario tenho escrito a Vossa Excellencia hontem 9 do corrente, e porque despois me vio o Marques de Fontane pera conferirmos a forma com que deve representar a Sua Santidade o que ElRei 1 Este paragrapho é da lettra do Bispo. 6 2 BIBLIOTH. NAC., Mss. I, (Corresp. do Marquez de Niza), fol. 58. meo Senhor ordena sobre a minha despedida desta corte me paresceo avisar logo a Vossa Excellencia por este gentilhomem que o mesmo Marques envia a essa corte, como comunicando lhe o que Vossa Excellencia me refirio do senhor Cardeal Mazarino e mohsiur de Xaveni (sic) em resão de não aprovarem a resolução de me sair agora de Roma sem esperar que passase mais dous mezes por poder acontecer que dentro nelles se melhorassem as cousas, significando que o Marques me ajudaria, com publicar que se sairia comigo, o achei muito alheio de tal determinação, e me deo a emtemder que se não achava com essa ordem, posto que em toda outra demostração estevesse com o affecto a nossas cousas com que sempre me assistio. Conforme a isto se vai obrando em execução da ordem de Sua Magestade de modo que se antes de acabado o termo de dous meses, se offerescer ocasião de me partir o não deijarei de fazer, e Vossa Excellencia se pode servir de dar resão de si e de mim aquelles menistros quando seja necessario, não a fim de lhes mostrar sombra de queixa, em não haverem avisado ao Marques na forma que praticarão ao Secretario de essa embaxada, se não pera se segurarem das resões porque não faco maior dilação nesta corte, as quais são tão justificadas diante dos que nella residem que o proprio Marques mas aprova, acrescentando que convira ao serviso de Sua Magestade tomarem a mesma resolução os portuguezes que aqui se acharem mais avultados, do que for socedendo irei dando conta a Vossa Excellencia, pidindo sempre a Vossa Excellencia continuas ocupações de seo serviso. Guarde Deus a Vossa Excellencia como dezejo. Roma 10 de novembro 642. Sofra Vossa Excellencia a minha ma letra, que o Secretario impidido de hum achaque não pode fazer estas regras.-D. M. Bispo de Lamego'. Carta do Bispo de Lamego, Embaixador em Roma, ao Conde da Vidigueira 1643-Novembro 16 Depoes de haver escritto a Vossa Excellencia em carta de 9 do prezente em reposta ás de Vossa Excellencia de 3, 10 e 17 do passado, na qual dizia a Vossa Excellencia que folgava muito de someter o meu juizo ao dos ministros dElRei Christianissimo em quanto achavão ser conveniente determe aqui por tempo de dous mezes esperando que nelles se poderia tomar inteira rezolução e que o Marques de Fontané ajudaria com declarar que não sendo eu recebido se sairia comigo: tornei avizar a Vossa Excellencia em 11 do corrente como communicando ao mesmo Marques o que Vossa Excellencia me referira o achara muito alheo de se sair agora desta Corte dando me a entender que não recebera tal ordem conforme ao que signifiquei a Vossa Excellencia que se antes d'acabado o termo dos dous mezes se offerecesse occazião de me partir o não deixaria de fazer: neste estado me chegarão as de Vossa Excellencia de 23 e 25 do passado, das quaes fiquei entendendo haverse tomado assento pellos ministros dElRei Christianissimo que não convinha em nenhum acontecimento sair me de Roma voluntariamente, e que antes devia esperar ser lançado por ordem de Sua Santidade acrescentando Vossa Excellencia que isto mesmo parecia ao Embaixador de Olanda, e a todos os ministros de Sua Magestade, e que no cazo contrario tinha Vossa Excellencia por certo perderiamos todas as assistencias dElRei Christianissimo, e perigaria o bem commum e publico desta embaixada, concluindo Vossa Excellencia que eu me devia accomodar ao Marques de Fontané, não me resolvendo sem sua aprovação. Confesso a Vossa Excellencia que he grande o desprazer que tenho com ver a Vossa Excellencia tão empenhado nesta materia parecendo que não he servido deixar algua parte do bom acerto della ao cuidado com que a tenho tratado ha tanto tempo, na mesma Corte em que assistem os ministros que a hão de rezolver, tendo todas as noticias do que tem succedido, e dos dezignios maes par TOMO XII. 43 ticulares que se pretendem, depoes de se haverem tido diferentes audiencias, e feito todas as deligencias, que forão possiveis, que são circunstancias que não concorrem nas pessoas com quem Vossa Excellencia conffere estes particulares: principalmente porque quanto Vossa Excellencia me tem referido procede de se não haver feito menção da rezolução que se me declarou de que não seria recebido por Embaxador e da ordem que ElRei nosso Senhor me tem dado para me partir, porque não he de crer, que se aquelles ministros forão inteirados destas duas circunstancias tomaram o assento que Vossa Excellencia significa, porque so antes dellas intervirem puderão ter lugar as rezoens em que se fundão. Quanto mais que em lhes parecer seria mais conveniente mandar me sair Sua Santidade, e não mostrar eu que o faço por ordem de Sua Magestade são contrariados até do Marques de Fontané, e não posso deixar de me admirar de Vossa Excellencia estar persuadido a que nos faltarão as assistencias dElRei Christianissimo por eu fazer o que o meu Rei ordena tão conforme a sua auctoridade real, e se a minha assistencia nesta Corte importa aos interesses dessa Coroa, fora justo que muito sinceramente se declarasse a Vossa Excellencia para eu entar (sic) procurar de me deter so a esse fim sem attender a execução do que Sua Magestade me manda, porem não se declarando esta importancia a Vossa Excellencia, não se limitando tempo a minha detença, nem se ordenando ao Marques de Fontané que se saia comigo como de antes se dava a entender parece que pode Vossa Excellencia estar sem receo de perdermos a boa amizade dos francezes, porque sobretudo tenho neste particular approvação do mesmo Marques, a quem tenho dado conta não so destes particulares, mas de tudo o mais que se tem obrado nesta embaixada, e se eu me ouvera de governar pello seu parecer, ja em maio me aconselhava elle, e monsieur de Leão que convinha a reputação de Sua Magestade voltar me logo então para Portugal. Confforme a isto o estado em que me acho de prezente he ter dado hum memorial ao Marques para que o dê a Sua Santidade, no qual refferindo lhe todas as rezoens que Sua Magestade aponta na sua ultima carta, e declarando lhe que se te cinco deste me não admittir por Embaixador, ou sinalar dia para o fazer tenho ordem de Sua Magestade para me haver por respondido, e lhe peico (sic) queira considerar com sua piedade e justiça as demonstrações que Sua Magestade tem feito, a desconsolação que no espiritual se padece naquelle Reino, e as desordens |