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todas as condiçoens que os portugueses quizessem. E o mesmo fariam tambem os ollandeses. Mas vendo estas duas Naçoens os portugueses empenhados, e que ja nam podem deixar de sustentar a guerra, os ollandeses nam querem perder occasiam de conquistar o Brasil e as mais conquistas de India, para tirar todo o comercio a Portugal e trazelo a seus estados, e ser sós na venda das drogas e de tudo o que pruduz o Brasil e a India, para de Amstradam repartirem por toda Europa, como de Lisboa faziam os portugueses, despois que descobriram com tanta gloria da Naçam lusitana e dos progenitores gloriosos de Vossa Excellencia estas famosas navegaçoens.

Os franceses, por outra parte, procuram alargar os limites do seu imperio, vendo empenhados os espanhoes com esta diversam de Portugal sacando fruito para si somente da nossa restauraçam, nam acodindo a nos ajudar, como Vossa Excellencia diz, em cousa nenhuma, aproveitando se das nossas guerras, dos nossos bens ou males, que de tudo temos, e tudo o nosso lhe serve para seus intentos.

E quando os franceses e ollandeses nos digam, que se nam foram as guerras deversivas que fazem em tantas partes do dominio de Espanha, nam poderiam os portugueses manter a guerra contra a potencia do castellano por muito tempo, ainda que nisto havia muito que dizer, com tudo a mais facil resposta he, que as guerras que huns e outros fazem a Coroa de Espanha eram antes da restauraçam de Portugal com que elles ficaram tam melhorados de partido como com evidencia conhece todo o mundo.

Os ollandeses de mais do mal, que fazem a Portugal querendo senhorear as suas conquistas, acrecentam o damno na opiniam dos homens parecendo lhe que quasi certos (sic) que Portugal nam tenha forças para conservar se contra a potencia dos castelhanos, querem ganhar as conquistas antes que lhe tornem á mam.

França nam dando a Portugal nem gente, nem dinheiro, e faltando de acodir as instancias dos catalaens para diversam das armas de Castella, parece que nenhuma conta faz de Portugal e nesta forma tambem nos vem a perjudicar.

De tudo o referido nace huma ponderaçam que se deve considerar muito, que o Papa e todos os Principes de Europa querem o equilibrio da (sic) duas potencias de França e Espanha, e tanto desejaram a grandeza delRey Christianissimo quanto que pudessem fazer contrapeso a poten

TOMO XII.

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cia da Casa de Austria, mas vendo ja que aquella de França crece muito, e que se pode duvidar que nam abata totalmente a de Espanha, sendo certos que qualquer destes Reyes que for superior ao outro sera senhor de toda Europa, e os Principes italianos ficaram acabados, e a estimaçam do Papa deminuida, tratam de fazer agora a favor de Espanha o que fizeram por França, porque com estas duas Monarchias iguaes vive o Papa venerado e os Principes com estimaçam.

Com este preludio nam posso deixar de dizer a Vossa Excellencia que ainda que os progressos da Coroa de França se devem desejar dos portugueses, porque manifestamente se ve que se encaminham a sua conservaçam, quando porem fossem, e continuassem demasiados, nam se devem desejar nem festejar, mas antes se se pudessem se deviam impedir.

Pellas mesmas rezoens de acima se vio que festejaram os Principes de Europa a restauraçam de Portugal porque entam os franceses nam tinham feito outras conquistas, mas despois da restauraçam que ham visto perder se Perpinham, o Condado de Roxilhon e o resto de Catalunha e outras tantas praças que se accomodaram com os Principes de Saboya; que fizeram ao Transilvano mover guerra ao Emperador e em Flandes e Germania fazer notaveis progressos duvidando de mayores, pella propria conservaçam já nam desejam tanto a de Portugal mas procuram com todas suas forças que Espanha o recupere por donde lhe for possivel, e se Espenha (sic) nam honvera despois feito tantas perdas, todos os Principes de Europa concorreriam a sustentar Portugal.

Nam despreze Vossa Excellencia este descurso que tem fundamento de verdadeira politica. Assi quando Vossa Excellencia exalta as victorias de França a mi nam me alegram porque o nosso remedio nam depende dos bens dos outros, mas do nosso proprio, quando sendo causa da grandeza de França nam he Portugal igualmente correspondido de esta Coroa, antes envejado dos outros Potentados, como instrumento de seu temor e damno.

Tudo isto me pareceo dizer, pois Vossa Excellencia me manda que fale com liberdade o que entendo por serviço de Sua Magestade com a ingenuidade de hum coraçam portuguez, e de hum verdadeiro servidor de Vossa Excellencià cuja mayor grandeza e gloria desejo pella medida de minhas obrigaçoens.

Nam persuadirá Vossa Excellencia nunca aos francezes que assistam como he importante a conservaçam de Catalunha, nem a dar gente

ou dinheiro a Portugal se Vossa Excellencia nam se valer das mesmas artes que elles usam conosco; faça Vossa Excellencia divulgar pellos meyos que lhe pareceram a proposito, que tratam os espanhoes hum partido de tregoas por alguns annos, e que ainda que seja perjudicial a reputaçam de Portugal nam podendo o Reyno sustentar a guerra he força que o abrase; tanto mais para poder acodir contra os ollandeses ás suas conquistas. E se eu aqui me achara com a confiança, que mereço a Sua Magestade e satisfaçam, podia ser que tivesse huma boa occasiam de falar com Sua Santidade para que movese esta pratica para tratar de concordia e largas tregoas entre aquellas Coroas e Vossa Excellencia logo vira como França deixava as emprezas de outras partes para acodir a Portugal por que nam aceitase tal partido, e que nam venha a tratar de tregoas.

Ja desde o anno passado se devia fazer este motivo verdadeiramente para obrigarmos a Coroa de França a partecipar nos algum proveito de tantos que por nosso respeito tem logrado. E se tarda Vossa Excellencia a fazer este motivo crecendo tanto a Monarchia de França, que nam se The dará que se perca Portugal tanto mais se chegar a ver em mãos dos ollandeses as conquistas, fazendo tam pouco caso de Portugal agora, que ainda as possue; e folgaram por ventura de as ver em poder dos ollandeses, a quem se vam avezinhando com dilatar o seu dominio nos confins dos Payzes baxos.

Nam porá o boticario outra vez o escudo das armas do Bispo de Lamego, se juntamente nam se lhe desse algum bom regalo, e soubesse que protecçam o assegurava podendo duvidar que assi como os espanhoes huma vez deram as punhaladas no escudo, que vendo o outro novo das armas, nam lhas dem na sua pessoa; antes naquella occasiam todos os officiaes, que tinham outras do Bispo as suas portas as tiraram por sua propria vontade, temendo que lhes nam sucedesse o que ao boticario; e como o caso socedeo em Sede Vagante, nam convem fazer queixa ao Papa senam quando se tratar dos negocios de Sua Magestade. Naquelles dias do caso, por dizer a Vossa Excellencia a verdade, estive algum tanto receoso que os mesmos espanhoes nam fizessem alguma injuria de noite ás armas do Cardeal Albornoz e do Embaxador de Espanha, e com imputar a culpa aos portugueses fizessem alguma demonstraçam contra mi, que sirvo a Sua Magestade, nam estando aqui seguro hum homem que faça assistencia publica aos negocios de Sua Magestade e do Reyno,

e a nam ter eu numero grande de amigos, e cada dia saber grangear muitos, nam sey que fora de mi.

Sobre o negocio da Inquisiçam de Evora, com a vinda a Roma de tres padres da Companhia, parece que o Vigairo Geral devia falar ao Papa sobre nam se darem a execuçam os Breves impedidos por Sua Magestade que nam se publicassem; isto nam pode causar nenhum bem a seus reaes negocios. E bem vè o Padre frey Fernando que he necessario compor estas differenças em Portugal. O ponto está que os Padres querem que se faça alguma demostraçam publica contra os Inquisidores de Evora. E se aqui proseguirem alcançaram tudo o mais que desejam. Eu somente posso hir entretendo os Padres, e persuadir lhe que considerem os damnos publicos, que poderam resultar a todo o Reyno e ao credito da mesma Companhia. Outras formas de composiçam se podiam achar, mas eu me vejo tam pouco favorecido de Portugal que nam tenho animo de servir, nam sabendo a quem obrigo; o Padre frey Fernando deve escrever largo a Vossa Excellencia sobre esta materia, e como ja está em bom estado o negocio do Padre frey Fernando dell Hone (?).

Roma 30 de Outubro 1644.

De Vossa Excellencia-Devotissimo et obligatissimo. Ferdinando Brandano.

Senhor Conde Almirante".

1 Assumpto extranho.

2 Idem.

3 Idem.

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BIBLIOTH. NAC., Mss. P, 33 (Corresp. de Fernando Brandão), Carta 54.

Carta d'el-Rei ao Conde da Vidigueira,
Embaixador em França

1644-Novembro 6

Conde Almirante Embaixador amigo: Eu ElRey vos envio muito saudar como aquelle que amo. Pella copia do capitolo da carta de Luis Pereira de Castro, que será com esta, entendereis a descortezia com que foy tratado dos Plenipotenciarios de Sua Santidade e de Veneza mediatores da paz, de que se trata na cidade de Munster; Ordeno vos que logo, que receberdes esta carta, vos queixeis em meu nome a ElRey Christianissimo e seus Ministros, de tão ruim termo, procurando se mande escrever aos Plenipotenciarios dessa Coroa, que aly assistem sobre a materia, com o aperto e resolução que convem, e que o mesmo se faça por sua parte aos Embaixadores que tem em Roma e Veneza, para que se queixem a Sua Santidade e á Senhoria desta descortezia; procurando se emende para o diante, pois este he hum, ou o mayor dos cazos, em que me ha de ajudar, e valer a amisade e aliança de ElRey Christianissimo. Tambem mando escrever sobre a materia ao Doutor Nicolao Monteiro, que supponho estará ja em Roma, o que vereis pella copia da sua carta, que se vos remete. E não posso deixar de vos mostrar grande sentimento de que fação os Plenipotenciarios de França menor tratamento e cortezia ao Doutor Luis Pereira do que os de Suecia fazem ao Doutor Rodrigo Botelho de Moraes, pois este he tratado em tudo como verdadeiro Embaixador, e o não he assy o Doutor Luis Pereira, sendo que era justo, e devido, que França desse exemplo a todos nas couzas que me tocão. Escrita em Lisboa a 6 de Novembro de 1644.-Rey.

Para o Conde da Vidigueira Embaixador em França '.

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1 BIBLIOTH. NAC., Mss. V, (Corresp. do Marquez de Niza), fol. 408.— Sobrescrito : Por ElRey-A Dom Vasco Luis da Gama, Conde da Vidigueira Almirante da India, do seu Conselho e seu Embaixador ordinario em França.

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