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nha empresa; além de que todas estas povoações datam apenas de 40 ou 50 annos para cá, como me affirmou em Valença um velho chamado F. Logrado, que conta 100 annos de idade, residente alli ha 50 annos, dizendo-me que quando foi para esta villa só havia nella 18 casas, das quaes me mostrou ainda uma defronte de sua morada, e Valença é sem duvida a maior de todas as povoações que hoje existem entre o Unna e o Paraguassú até á povoação do Cincorá por tanto é forçoso confessar que o rompimento desta serra é obra de povos anteriores á descoberta do Brasil pelos Portuguezes.

A serra do Cincorá estende-se d'E'este a Oeste entre 44 e 42° de longitude, acaba pouco antes da villa do Rio de Contas; desde a tromba a esta villa fazem 12 leguas: a Oeste desta serra corre de Norte a Sul o rio Cincorá, que vai desaguar no Rio de Contas para este rumo correm tambem o Arêa, Rio Preto, Rio Pires, Rio das Pedras, Rio d'agua branca, Manaquerú, Orico-guassú, os quaes todos vão enriquecer o Rio de Contas, e nascem pela maior parte nas immediações da serra: a E'ste desembocam no mar os rios Marahú, Cachoeira, Acarahy, Iguarapinos, Serinhehem, Jiquié, Unna (rio de Valença), Paraguassú pequeno . O Paraguassú grande, nascendo das immediações da Chapada e Orobó, fórma em sua corrente um grande cotovello, que se aproxima á serra do Cincorá, e d'ahi volta pela cidade da Cachoeira a desaguar na bahia ao Noroeste defronte da Ilha de Itaparica. Na cima desta serra da banda do Sul nasce um só rio, que no mappa não traz nome, acompanha a cordilheira, correndo de Oeste para E'ste, e dando aqui volta á serra vai precipitar-se ao Norte della neste cotovello do Paraguassú, dois dias de viagem a Oeste de Maracá o seu fontanal fica em 43° 6' de longitude, 13° 40' de latitude. Na margem esquerda deste rio, a que os povos circumvisinhos chamam Braço do Cincorá, a legua e meia da tromba pouco mais ou menos, é que deve estar a cidade abandonada; pois que todas as circumstancias deste lugar quadram com lação publicada. Aqui fixei por tanto o termo de minha viagem. Devia por consequencia, segundo o roteiro que

me apontou o Sr. Desembargador Mascarenhas, embarcar na Bahia para qualquer dos portos, ou Estiva, ou Nazareth, Cachoeira, ou Jaguaripe, d'ahi passar á Lagem, a Maracá. Fazenda das flores, povoação do Cincorá, subir a tromba da serra, e demandar a cidade pelo mesmo trilho dos aventureiros de 1753: por este roteiro gastava 14 dias de ida, e outros tantos de volta, fazendo a jornada escoteiro. Eu não tinha senão 35 dias até a abertura das aulas, e achei que por este caminho os gastos com cavalgaduras excediam minhas forças pecuniarias, por me ser preciso levar companhia, roupas e mantimentos, e além disso as jornadas diarias deviam ser forçadas de 10 e de 11 leguas para poder encontrar gazalhado, ou rancho, como aqui lhe chamam. Resolvi-meportanto a embarcar para Valença, donde julguei me ficava mais perto o termo de minha jornada, ou ao menos o Braço do Cincorá; pois no caso do não poder penetrar ao sitio onde julgava dever encontrar a cidade, por me não caber no tempo, visto estar proximo o fim das ferias, assentei que podia reconhecer algumas circumstancias importantes que ainda me faltavam, como se o Braço do Cincorá tinha catadupa, se espraiava muito depois da queda, e formava algumas peninsulas, se na margem oriental havia minas ou socavões; porque encontrando estes indicios marcados na Relação, ainda que não podesse observar a cidade, ficava com tudo certo de sua existencia na margem daquelle rio, daquelle rio, ou estivesse ainda em pé, ou desmantelada; e para outras ferias voltaria. Com este pensamento embarquei para Valença no dia 4 de Fevereiro corrente pelas 9 horas da manhaa, acompanhado de um moço Ordinando, que se dispôz por seu gosto a fazer comigo esta viagem. O Exm. Sr. Paulo José de Melio, digno Presidente desta provincia, me franqueou uma portaria para as autoridades locaes por onde passassa, afim de coadjuvar-me; e me prestaria mais auxilios, se na verdade podesse, pois me manifestou a melhor vontade. Cheguei a Valença no dia 5, e me hospedei em casa do meu amigo o Illm. Sr. João Antonio de Vasconcellos, meritissimo Juiz de Direito daquella comarca, e quando já tinha man

dado alugar bestas para cargas e cavalgaduras, as quaes apesar da escassez da terra neste genero, o mesmo Sr. Juiz tinha feito aprontar, começou a chuva, que continuou todos os seguintes dias, e tornou impraticaveis as estradas ao mesmo tempo soube que me eram precisos muitos mais dias de jornada do que eu pensava, para chegar ao meu termo, e mesmo para examinar a catadupa do Braço do Cincorá; contentei-me então com as informaçoes que pude colher de varios sujeitos daquella villa, e especialmente do Sr. Antonio Joaquim da Cruz, marchante de profissão, que tinha viajado todas aquellas terras visinhas do Cincorá, e ainda mais dentro, e tinha subido até á catadupa do Braço do Cincorá, e dois dias de viagem acima della ; e todas as pessoas principaes da villa me abonaram este homem para informarme a este respeito. Pelas suas informações soube que a cidade está encoberta a Este por matas, que elle se não atreveu a passar quando subiu acima da catadupa; que o Braço do Cincorá, se despen ha desta elevada catadupa por differentes boccas com grande ruido, e fórma varias peninsulas de verdura; e que na sua margem oriental ha muitas e mui profundas minas, algumas abertas em penhas que formam abobada, debaixo da qual se caminha ao principio em plano, e depois rematam em furna insondavel: contou-me um phenomeno que se observa naquelles socavões e é que de quando em quando rebenta por suas boccas horrivel estampido: elle attribuia isto á grande quantidade de ouro e prata que continham; a razão porêm deste phenomeno é bem clara: aquellas minas estendiam-se até debaixo do leito do rio, estando arrombadas pelo decurso do tempo, peso e movimento das aguas, à agua que entra pelos rombos em toda aquella extensa bacia que fórma o rio depois de sua queda, impelle com violencia o ar daquellas cavidades, que delatando-se rapidamente pela garganta das minas estoura nas boccas como um canhão disparado. Estas informaçoes com effeito me aliviaram em parte a magoa de não poder continuar minha viagem, pois este practico me affirmou que para fazer esta jornada sem risco de minha saude e vida, e sem estragar calvaga

tan

duras, devia contar com 50 dias para ir e outros tos para voltar: ficou de me preparar cavalgaduras e conducção para o principio de Novembro proximo, e que elle mesmo me acompanharia. A estas informações accresce a tradição dos velhos daquellas povoações desde Valença até o Cincorá, de que trás desta serra ha uma cidade antiga; mas revestem esta historia de muitas fabulas, como costuma acontecer, porque uns dizem que esta cidade foi subvertida por um terremoto, outros que por alluvião alguns affirmam que ella existe, mas que nella está um dragão que traga quem lá se approxima; outros dizem que quem lá vai não volta; e a este respeito me contaram uma anecdota de certo coadjutor que foi a desobriga para aquelles sitios, e nunca mais appareceu, etc. etc. Todos estes testemunhos confirmam admiravelmente minhas conjecturas e primeira hypothese, de sorte que já não posso duvidar de que é alli, na serra do Cincorá da parte do Sul, e na margem esquerda do Braço do Cincorá, que eu devo buscar a cidade abandonada.

Tenho para lá dois caminhos, um pelo roteiro do Sr. Desembargador Mascarenhas, que já expuz e outro pelo do Sr. Antonio Joaquim da Cruz: este quer que vamos subindo pelo Braço do Cincorá até á Catadupa, e d'ahi a tres dias de viagem estamos na cidade: este caminho é mais longo e solitario, porém é mais util por ser borda d'agua, boa estrada desde que se chega ao rio, abundante de pescado e caça para nosso alimento, e ha ahi occasião de observar certas picadas antigas, e ver onde conduzem: é o caminho inverso do que trouxeram os aventureiros quando desceram da cidade; e seguindo esta estrada, e descendo pela tromba da serra, terei melhor ensejo para observar a celebre gruta de alabastro que não está descripta, e fica quatro leguas distante da povoação do Cincorá; o Sr. Desembargador Mascarenhas, que já lá entrou, me disse que é mui admiravel, e se entranha por debaixo da terra até que se apagam os archotes.

Bahia, 24 de Fevereiro de 1841.

CONTA

Que deu da instauração do obelisco da estrada de Nazareth, ao Illm. e Exm. Sr. Doutor João Antonio de Miranda, Presidente da Provincia do Pará, o Tenente Coronel de Artilharia Antonio Ladislau Monteiro Baena, no dia 29 de Setembro de 1840 ás 5 horas e meia da tarde, antes de serem tirados os pahnos que encobriam o dito obelisco.

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Encarregado por V. Ex. de dirigir a instauração do obelisco inaugurado em 1782 pelo Governador e Capitão General José de Napoles Tello de Menezes, e derruído em 1823 pela falta de cuidado conservativo, examinei o estado do pedestal e do seu taboleiro, que era quanto do mesmo obelisco remanescia; e tomei nota das dimensões que concerniam á regulação da altura em que devia tocar o vertice da pyramide quadragular, que eu entendi dever substituir á primordial figura, a qual sendo tambem de quatro angulos, com tudo era mais similhante a uma agulha de dois palmos de baze sobre o pedestal, sem differença alguma nesta medida dentro do mesmo pedestal e alicerce.

Achei o pedestal e o taboleiro estragados pelos pretos lenhadores, que nelles afiavam os seus machados e facões, e repousavam os feixes de lenha: as inscripções lapidares, todas deturpadas de lesões pela mão da estolida malignidade: e igual deperecimento se manifesta va no tóro, reguleta, e escosia ou cavado, juntos ao plintho, e nas molduras da cornija. Tudo fiz desconstruir, e logo erguer um novo taboleiro e pedestal debaixo da primitiva figura octogonal, usando do antigo alicerce, que era bem construido e de seis palmos uma pollegada e seis linhas de altura, e de dois palmos na largura das paredes do alvado, e servindo-me das mesmas lapides depois de limpas e concertadas, e de fazer sobresahir as antigas inscripções latinas por meio do rom, afim de serem mais facilmente visiveis. A primeira destas inscripções é :

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