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que para enriquecer as linguas, para se lerem os bons auctores, para se colherem maximas de sãa moral, para se estudar a grammatica, e a historia se commentar e saber, foi indispensavel por todos os meios promover a introducção e ensino das linguas mortas. Essa épocha já passou hoje sem as profundar professionalmente, é possivel desfructar os bons resultados que o seu estudo introduziu. Não devem ser despresadas; mas tambem já não são indispensaveis, e litteratos conhecemos nós de algum nome, que sabem a fundo e escrevem perfeitamente a lingua vulgar, sem terem já mais estudado grammatica latina.

Ha porêm uma razão que deve preferir por em quanto a todas as mais o estudo das linguas indigenas, e excital-o por meio dos possiveis estimulos e premios, e é que todas as mais são já linguas escriptas, e por isso as mesmas mortas tem já uma alma eterna na imprensa.

Dê pois o Brasil e toda a America, e o mais breve possivel, uma prova de adhesão ao seu continente, despresando preoccupações inveteradas, e promovendo por todos os meios o estudo das linguas indigenas, pelo menos até ellas estarem tambem escriptas, e haverem as sciencias e as letras conseguido as idéas luminosas que o seu estudo fornecerá. E os vindouros nos agradeceráō mais esta introducção, do que se apenas se lhe conservassem aulas de Hebraico, Grego, ou Latim, que a todo o tempo se poderáō novamente transplantar da Europa.

Mas eu, Srs., quasi prevejo que a seriedade com que trato este assumpto, que julgo transcendente, poderá trazer sobre mim o escarneo da geração presente, que talvez julgará as minhas idéas só nascidas do gosto da novidade. Que o julguem não me importa. Espero e tenho que estas minhas palavras vivirão mais algum tempo que eu, do que nós todos! E então os litteratos decidiráō algum dia que faces deverá o escarneo ter corado. Por mim não deixarei de concluir, lembrando que as ordens religiosas que na Europa salvaram preciosidades litterarias, e por ventura alguma lingua antiga, e que com quanto muito decadentes se conservam n'esta America com o principal intento de servir á cathequese dos Indios, são para este fim mui proprias, e parece que a Providencia

cá as reservou para serem depositarias em seu seio dos thesouros das linguas dos indigenas, como o feram outr'ora os Jesuitas, que do seu estudo nos deixaram provas por escripto.

E algum dia hade a benção de Deus descer sobre os missionarios que se interessarem pelo estudo d'estas linguas para a conversão dos indigenas, e fará que a duração das ordens religiosas, longe de ser precaria, se reforce cada vez mais: o reconhecimento da patria virá ao governo esclarecido que a tal respeito providenciar: os litteratos bemdiráō a memoria de todos os que cooperarem para bem das sciencias e das letras; e a humanidade reconhecida apregoará por mil boccas o reinado bem aventurado em que tantos dos seus membros passarem a gozar dos bens inherentes á sociedade e á civilisação.

PROPOSTAS.

1. Que o Instituto peça com toda instancia e urgencia ao Governo providencias para que se cuide no Imperio do estabelecimento de escolas das diversas linguas dos Indigenas que habitavam n'este territorio e nos circumvisinhos: podendo regular-se o seu numero gundo os meios disponiveis em attenção aos conventos de religiosos e aulas de latim que já tenham as ditas povoações.

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2. Que outrosim o Instituto se proponha a imprimir a 2a parte do Diccionario Portuguez e Brasileiro, (que é Brasiliano Portuguez) a qual está inedita, e existe o MS. na Bibliotheca Publica d'esta Côrte: assim como tambem mais dois MS. sobre as linguas indigenas, que alli existem. O signatario da proposta ousa recommendar toda a brevidade para salvar até de serem mais roidas pelo bicho estas obras, que foram o fructo de tantos annos de estudo e observação. Igualmente lembra a possibilidade de commodamente se contratar por junto com a Typographia Nacional de Lisboa os exemplares existentes da dita edição da Grammatica de Figueiredo, e os do Diccionario Port. Brasil.

RELATORIO.

Sendo de evidente necessidade, para se conhecer bem o Brasil e a sua historia, que o Instituto tanto tem em vista promover, quaesquer noções especiaes relativas aos indigenas d'este territorio, as quaes, além de pela sua natureza serem estranhas á geographia physica e historia politica, demandam aprofundado espirito, e individuos que se votem com assiduidade, e quasi exclusivamente, a obter e juntar esclarecimentos ethnographicos ácerca dos autocthones do Brasil, proponho:

Art. 1. Que no Instituto se crie uma secção de Ethnographia indigena, a qual se occupará dos nomes das nações (com a synonimia quando a houver), suas linguas e dialectos, localidades, emigrações, crenças, archeologia, usos e costumes, os meios de as civilisar, tudo o mais tocante aos indigenas do Brasil e seus circumvisinhos, comprehendendo igualmente as noções geognosticas, e conjecturas geologicas que possam esclarecer a obscura historia d'este territorio antes do seu chamado descobrimento.

2. Esta secção será formada de dez socios effectivos escolhidos (em duas turmas) cinco da ora secção de Historia, e outros cinco da de Geographia, que n'isso convierem.

Unico. Os membros da referida secção logo que approvados pelo Instituto ficaráō desligados das secções a que antes pertenciam.

3. Cada uma das turmas da referida secção elegerá um representante para formar a respectiva commissão especial, que desempenhará funcções analogas ás das commissões especiaes de Historia e Geographia.

4. Para se levarem a effeito as disposições do art. 2.* serão acceitos para a secção de Ethnographia os socios effectivos que espontaneamente se offerecerem, e não che

gando ao total o Sr. Secretario perpetuo consultará verbalmente ou por escripto outros socios até que seja completo o numero competente.

5. Os oito membros da secçãor que não forem da commissão especial, se encarregaráō respectivamente e dois a dois de estudar com mais especialidade das ditas nações.

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§ 1. O seu numero, nome e synonimia, segundo a orthographia dos diversos auctores, e igualmente tentando esboçar uma carta ethnographica.

2. Sua lingua, usos e costumes. Esta secção se encarregará de um glossario dos vocabulos indigenas vulgares.

3. Das conjecturas geologicas, e archeologia.

4. Suas crenças e meios de civilisação e cathequese.

5. Em igualdade de circumstancias, quando concorre rem escriptos para serem publicados pelo Instituto, teráō primazia os que disserem respeito a esta secção.

6.o Esta secção proporá alêm d'isso para cada provincia um membro do Instituto para seu correspondente, com os quaes se corresponderá directamente afim de obter todas as noticias que seu patriotismo os levar a communicar. Estes diversos correspondentes gozaráō das honras de socios honorarios do Instituto enquanto o Instituto assentar que devem exercer taes funcções. (*)

Francisco Adolfo de Varnhagen.

(*) Veja-se no extracto da acta da sessão de 27 de Fevereiro do corrente anno, impresso n'este numero, o parecer da Commissão de Historia sobre esta memoria, e deliberação do Instituto ácerca das propostas annexas.

DIARIO RESUMIDO

DO RECONHECIMENTO DOS CAMPOS DE NOVO
DESCOBERTOS SOBRE A SERRA GERAL,
NAS CABECEIRAS DO RIO PARDO;

Por José de Saldanha,

Capitão Engenheiro, e Astronomo de Sua Magestade. (*)

Copia de um MS. offecrecido ao Instituto pelo socio correspondente o Exm. Sr. Antonio de Menezes Vasconcellos de Drumond.

Havendo alguns sujeitos portuguezes em Junho de 1796 atravessado a serra geral, que corta este continente, nas immediações do serro Butucaray, acharam logo do lado de cima rincões de campos, que extendendo-se iam sahir n'outros mais espaçosos. As varias diligencias com que temos sido occupados os facultativos geographos, que existem no serviço d'esta provincia, e as actuaes revoluções de preparativos bellicos, foram os motivos de se não poder a mais tempo por em pratica o reconhecimento. è configuração d'este descoberto. Agora porêm, sendo V. Ex. servido encarregar-me esta averiguação, a executei como se collige do presente Diario.

a

QUINTA FEIRA 19 DE ABRIL DE 1798.

Tendo eu, com antecipação de quasi um mez, pedido se mandasse pegar a este campo de cima da serra, nas primeiras oito ou dez leguas, o que se não cumpriu; sahi n'este dia d'este quartel do Rio Pardo para as circumvisinhanças do serro Butucaray, e fui pernoitar na estancia de Francisco Rodrigues Machado, 9 le

() Esta memoria foi escripta no Rio Pardo em Maio de 1798, e offerecida pelo A. ao Hlm. Sr. Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Camara, Tenente General dos Exercitos de Sua Magestade Fidelissima, Governador do Continente do Rio Grande de S. Pedro, e principal Commissario da actual demarcação de limites.

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