Sayfadaki görseller
PDF
ePub

bananeira, que serviu muito bem de toalha. Uma das moças admirou muito as minhas luvas brancas de meia : experimentou-as muitas vezes: e bem contente fiquei eu por ver que pagaria a hospitalidade com um par de luvas de algodão. Offereci-lh'as, e acceitou-as mui coutente. Apertei a mão do homem vermelho, e parti depois de ter elle repetido o convite para a caçada de porcos

do mato.

Se a liberdade, a independencia, e uma subsistencia certa pódem fazer feliz um mortal, seguramente que 0 meu amigo caboclo não poderia deixar de ser um homem

venturoso.

PARECER

SOBRE O 1. E 2.° VOLUME DA OBRA INTITULADA

VOYAGE PITTORESQUE ET HISTORIQUE AU BRÉSIL,

CU

SÉJOUR D'UN ARTISTE FRANÇAIS AU BRESIL,

depuis 1816 jusqu'en 1831 inclusivement.

PAR J. B. DEBRET.

A Commissão encarregada de dar o seu parecer sobre a obra intitulada Viagem pittoresca ao Brasil, -dedicada aos Membros d'Academia das Bellas Artes do Instituto de França por J. B. Debret, professor de pintura na parte historica, leu o 1. volume d'aquella obra, que foi por ora o que lhe foi remettido.

Este 1. volume consta de uma introducção, que occupa 16 pag., e do texto, em que se explica as varias estampas, de que se compõe o mesme volume.

O auctor, depois de expor que foi enviado pelo Marquez de Marialva, Embaixador de Portugal em Paris, para ser professor n'Academia das Bellas Artes, que fôra creada n'esta córte, refere que fora encarregado

de contribuir com OS seus talentos para o acto da acclamação d'El-Rei D. João VI no Rio de Janeiro. Isto deu-lhe muita facilidade, segundo affirma, para consultar a historia do paiz, e o fez comprehender a sua viagem pittoresca, tendo residido no Imperio 16

annos.

A Commissão viu com muita satisfação o elogio que o auctor faz aos seus discipulos brasileiros, que fizeram taes progressos em seis annos, que muitos d'elles foram empregados como professores nas escolas de pintura, e contribuindo por isso para que elle podesse voltar para a França, a fim de cuidar na impressão da 1.a parte da sua obra.

Igual satisfação experimenta a Commissão, quando o auctor diz que o Brasil vae desenvolvendo progressivamente uma civilisação que honra muito ao povo que o habita, o qual é dotado das qualidades as mais preciosas.

As estampas são relativas a algumas plantas e arvores do Brasil, e a diversas tribus de Indios, que visitou. A descripção que faz dos habitos, a lingua, religião, e armas d'estas tribus concorda com o que a este respeito tem publicado outros viajantes estrangeiros, principalmente o Principe Maximiano de Wied-Newied.

Parece á Commissão, quanto ao volume de que se occupa, que elle é de um interesse real, e que merece ser collocado na Bibliotheca do Instituto.

Sala das Sessões do Instituto Historico em 18 de Julho de 1840.

Bento da Silva Lisboa.

J. D. de Attaide Moncorvo.

O segundo volume da Viagem Pittoresca ao Brasil de Mr. J. B. Debret contêm, alêm de uma pequena introducção, uma descripção mui succinta das provincias do Brasil, e as explicações das estampas, de que se compõe a obra, relativamente aos usos e costumes dos habitantes do Imperio.

A Commissão passa a mencionar as observações que

The excitou a leitura do volume. Na introducção diz o autor que a civilisação estava estacionaria no Rio de Janeiro antes da chegada do Sr. Rei D. João VI, de gloriosa memoria. Se dissesse que depois d'aquelle memoravel acontecimento ganhou muito o paiz, coucordariamos com a sua opinião; mas que a civilisação progridia, apezar do systema colonial, é um facto innegavel, como o attestam os bellos edificios que já haviam, e os estabelecimentos de varias aulas de ensino publico, o augmento do commercio d'agricultura: tanto assim que o proprio rei e as pessoas de influencia que o acompanharam, se admiraram de achar tantos melhoramentos.

Segue o A. a opinião antiga de haver sido Juan Dias de Solis, navegador castelhano, quem descobrira em 1513 a bahia de Guanabara, a que elle pozera o nome de Santa Luzia, mudado depois pelo de Rio de Janeiro, por ter n'ella aportado no 1.° de Janeiro de 1532 o celebre Martim Affonso de Souza.

Não admira que o Sr. Debret partilhasse esse erro, não tendo podido conhecer as investigações, que recenlemente se hão feito sobre a historia do Brasil, e que com tanto zelo promove o nosso Instituto, por quanto hoje, e principalmente depois das notas com que o Sr. Varnhagen illustrou o Roteiro de Pero Lopes, que teve a fortuna de descobrir, e nos fez conhecer, póde adiantar-se sem escrupulo, que o nome d'esta magnifica bahia, e quasi todos os outros porque ainda são conhecidos os pontos notaveis da costa do Imperio, foram dados antes do anno de 1508, e por conseguinte só o podiam ser por uma das duas armadas que a exploraram depois de Cabral (fls. 21).

A fls. 3 erra o A. na data da invasão de Duguai Trouin, que foi em 1711 e não em 1671; e se parece lisongear o orgulho nacional do A. esta ousadia, que refere de haver a esquadra entrado na bahia do Rio de Janeiro, passando por debaixo do fogo de todos os fortes que o fulminavam, a imparcialidade exigiria que alguma cousa dissesse tambem de tentativa similhante, que o anno anterior fizera Du Clerc, com resultado de certo muito menos glorioso para as armas francezas.

É menos exacto M. Debret quando diz a fls. 5,

ABRIL.

13

que o

[ocr errors]

Marquez de Pombal mandou em 1753 um seu irmão governar o Rio de Janeiro, porque do catalogo dos Governadores d'esta provincia, então capitania, inserto no N. 5 da Revista do Instituto Historico, se colhe que o Governador interino era Patricio Manoel de Figueiredo, que substituiu a Freire de Andrada, ausente em commissão.

Para o Pará é que foi o irmão do Marquez, quando este ministro começou a executar os grandes planos que tinha em vista, a respeito da immensa região onde corre o soberbo Amazonas.

Entre as estampas ha trez, que, se não fosse a consideração de que em geral o autor faz elogios aos Brasileiros, pareceria que elle queria fazer uma verdadeira caricatura. Com effeito, a do empregado publico passeando com sua familia excita o riso. Ainda que no anno de 1816, em que chegou M. Debret ao Brasil, os costumes não tinham adquirido aquelle grau de civilisação que hoje tem, com tudo não temos lembrança de que os empregados publicos sahissem a passeio, levando suas esposas no ultimo periodo de gravidez, segundo se vê na estampa. Bom foi que o auctor unisse á idéa de empregado a de ser cazado, pois que teriamos talvez de ver que elle pintasse as mães, irmãas, ou parentas d'aquelles individuos, como hydropicas, a quem os medicos aconselhassem o exercicio de andar.

A outra estampa é o trafico dos Africanos no Valongo. 0 Sr. Debret pintou a todos esses desgraçados em tal estado de magreza, que parecem uns esqueletos proprios para se aprender anatomia; e para levar o riso ao seu auge, descreve a um cigano sentado em uma poltrona, em mangas de camisa, meias cahidas, de maneira que provoca o escarneo. Bem differente é o desenho que apresenta a Senhora Graham nas suas Viagens ao Brasil; pois que é feito com seriedade e veracidade.

Segue-se a estampa 25, em que se desenha um feitor castigando um negro. A attitude do paciente é tal que causa horror. Póde ser que M. Debret presenciasse similhante castigo, porque em todas as partes ha senhores barbaros; mas isto não é senão um abuso.

E confessado por escriptores de nota, que entre todos

--

[ocr errors]

os senhores de escravos, os Portuguezes eram os mais humanos ao menos não se lhes attribuiam as crueldades praticadas por outras nações com estes infelizes. Ora porque se vê em um povo um povo praticarem-se acções censuraveis, dever-se-ha concluir que todo elle é mau? Na obra dada á luz em Londres em 1837 pelos Officiaes de Marinha Britanica, Macgregor Laird, e R. A. K. Oldfield, com o titulo de Narração da expedição ao interior d'Africa pelo rio Niger-lêem-se os dois seguintes cazos atrozes. A Jeune Estelle, perseguida por um cruzador inglez, metteu doze pretos em toneis, os alijou ao mar. Em 1831 as embarcações de guerra inglezas, Black Joke, e Fair Rosamond, encontraram o Hercules e o Regent, dois navios negreiros, no rio Bonny. Logo que avistaram os cruzadores, procuraram entrar outra vez no porto, e alijaram ao mar mais de quinhentos entes humanos, prezos com cadeias, antes que fossem capturados. Póde este acto barbaro e deshumano, que faz arripiar os cabellos, ser attribuido á nação franceza, quando o seu Governo aboliu tão detestavel trafico? Veja pois o Sr. Debret e perigo que ha de tirar de casos particulares proposições geraes.

A Commissão limitando-se unicamente a estas observações, porque não julga acertado e politico entrar no exame de algumas passagens da obra sobre o caracter dos habitantes do Brasil em geral, sobretudo no que se lê a pag. 18, é de parecer que este 2.° volume é de pouco interesse para o Brasil; pois que sendo principiado em 1816 e acabado quando o autor voltou em 1831 para a França, não pode comprehender as alterações que tem havido no Brasil em costumes, artes e sciencias, como o proprio M. Debret reconhece quando diz o seguinte: << En un mot, tout est en marche d'amélioration dans ce pays, où le progrès des lumières, qui dicta l'émancipation du Brésil le dota en même temps de la noble » émulation de se distinguer par la science, les arts » et le luxe. »>

D

Sala das sessões em 31 de Outubro de 1840.

Bento da Silva Lisboa.

J. D. de Attaide Moncorvo.

« ÖncekiDevam »