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damno que pudesse, tinha o dito governador tão provido tudo com soccorros de munições e soldados, que o imigo se retirou sempre com muita perda, sem effeito algum de suas pretensões; e vindo a esta barra sete ou oito navios, estando senhor do mar, com uma tão poderosa armada, nenhum navio tomou, porque, em apparecendo, logo eram soccorridos, e se lhes mettia infanteria dentro com bandeiras tendidas e tocando as caixas, sem o imigo ousar de os investir, nem fazer mais que os esbombardear, pela boa ordem e valor da infanteria dos batéis e de terra, no que o imigo acabou de perder toda a reputação e se sahiu sem honra e proveito desta Bahia, e se foi a Margarita que achou em armas, pelo aviso que desta cidade mandara o governador, por uma caravella e assim não fez la effeito, como ouvi e é notorio; e em outros rebates que aqui houve e avisos de Sua Magestade de virem armadas a esta cidade, o vi sempre áprestar com muita diligencia todas as prevenções necessarias; sei que, estando ella em grande aperto com o gentio Aymoré e despovoados muitos engenhos largos pelo muitos assaltos que lhes davam e pela gente branca e de Guiné, que nelles mataram, mandou muitas companhias de petiguares, que pelejaram com o dito gentio e lhe matou cópia delle, o que foi uma das principaes causas das pazes com aquelle gentio, em grande bem dos moradores desta capitania e das mais visinhas e grande augmento da fazenda de Sua Magestade foi o dito governador mui composto e grave em seu governo, porque nunca o vi comer senão em sua casa ou em mosteiros, em dias particulares de suas festas, mui facil em despachar, porque a tola a hora o achava quem com elle queria negociar, sem porteiro, nem en ganos, pois em sua casa não se engana nunca; foi mui favorecedor das religiões, a cujos religiosos honrava muito; foi muito inteiro na justiça e teve grande zelo e desejo que em seu tempo se a administrasse ; e aos ministros della e aos dezembargadores com muita brandura e cortezia tratava, e nos negocios se aconselhava com elles e com mais pessoas graves, de partes e talentos, de cujo voto lhe parecia que se podia aproveitar para acertar no serviço de Sua Magestade. Sei que engeitou grossas peitas por não querer perverter a justiça, nem fazer favor

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nella, porque o que despachava de importancia era o primeiro despacho que os ministros lettrados lhe dissessem, pondo por escripto o que conforme a lei devia fazer, e por suas informações despachava. O que tudo sei e passei na verdade, pelo juramento dos Santos Evangelhos; e, por me ser pedida esta certidão por sua parte, lh'a dei:

Bahia, vinte de Abril de seiscentos e oito (Logar de sello). Francisco Sotil de Siqueira.

Manoel Mascarenhas Homem. Certifico, que, servindo de capitão-mór desta capitania de Pernambuco, por Sua Magestade, veio a ella ter o governador geral deste estado, Diogo Botelho, e, começando a servir o dito cargo, entendeu logo com muito cuidado a reformar as des pezas trasordinarias, que lhe pareceu que se podiam excusar, mostrando-se nisto mui desejoso de poupar e accrescentar a fazeuda de Sua Magestade, o que fez nesta capitania e mandou que se fizesse na Bahia e no Rio Grande e mais capitanias do estado. E assim, mandou fazer de novo umas trincheiras para a parte do ser tão, nos logares que lhe pareceram convenientes e necessarios, mandando reparar o forte do Recife nas partes que achou damnificadas, que o tempo e a agua tinham arruinado.

E mandou o sargento-mór deste estado fosse ver e visit r as fortalezas do Rio Grande e Parahyba, com provimento de paga para os soldados, com ordem para pôr em inventario a artilheria e munições que achasse nas ditas fortalezas e mais cousas tocantes á defensão dellas, para, com sua informação, provor no que entendesse que mais convInha ao serviço de Sua Magestade, para bem e defensão das ditas fortalezas.

E assim mandou dar cumprimento ao que era mandado por Sua Magestade, que não se levasse mais um cruzado por cada caixão de assucar que se embarcava para o reino, que o governador D. Francisco de Souza tinha mandado que se levasse pare poder melhor supprir as grandes e trasordinarias despezas que em seu tempo foi necessario fazer, por mar e terra, nos accidentes de guerra, que se offereceram. E assim mesmo mandou que o dinheiro dos direitos do contracto da Angola não fosse tomado, conforme o dito contracto e as provisões que Sua Mages

tade passou para que se deixasse de o tomar, mas pelos mesmos respeitos acima apontados se tomava aos contractadores passados, por não haver ordem nem provisão que o contrario mandasse.

E por haver muita falta de agua nesta villa de Olinda para serviço da gente della, mandou abrir uma levada de grande comprimento e fez metter nella o rio Beberibe, cuja agua corre pela dita levada, do que os moradores estão actualmente recebendo grande utilidade, sem para isso se gastar nem tomar cousa alguma da fazenda de Sua Magestade.

Tendo aviso de que a gente da náu da India, que os hollandezes tomaram na ilha de Santa Helena, fôra lançada na ilha de Fernão de Noronha, onde todos estavam sem remedio de embarcação em que pudessem vir, com toda a diligencia mandou logo duas caravellas à dita ilha, com mantimentos e o refresco necessario para se poderem embarcar e virem a esta capitania, para onde vieram, e foram recebidos e agasalhados pelo dito governador geral, recolhendo em sua casa o capitão mór Antonio de Mello de Castro, e ás mais pessoas deu e offereceu de sua fazenda o que della quizeram, e do armazem de Sua Magestade mandou dar ração á gente da dita nau e da obrigação della; no que o dito governador geral gastou muito de sua fazenda.

E assim mandou soccorrer a capitania do Porto Seguro com muitos frecheiros que haviam de ir da capitania do EspiritoSanto, com capitão e soldados e mais munições necessarias, por estar muito opprimida do gentio aymoré que de continuo lhe dava muitos assaltos.

E outrosim ordenou que se fizesse uma estrada pelo sertão dentro aos Palmares, onde estava conia de negros alevantados de que os moradores desta capitania recebiam damno e oppres são pelos muitos roubos e latrocinios que faziam e continuos as saltos que davam: aquella jornada se fez sem despeza da fa zenda de Sua Magestade e della redundou serem os inimigo desbaratados com damno e perda de muita gente morta e captiva, com que esta capitania ficou livre por ora das insolencias desses alevantados.

E assim tem ordenado que, por mar e por terra, se vá descobrir o rio do Maranhão, onde ha presumpção que existem portos e resgates, além de minas de importancia, do que até agora não havia nenhuma certeza bastante que conviesse, para se poder avisar a Sua Magestade, o que se poderá fazer com a informação que de lá trouxer os que para là vão; a qual jornada o dito governador geral ordenou que se fizesse à custa das proprias pessoas, que voluntariamente se offereciam para o dito descobrimento.

E estando a capitania de Ilhéos e a da Bahia de Todos os Santos rodeadas, por muitas partes, de gentios aymorés, vendo-se os moradores em grande aperto, a ponto de serem forçados, para salvarem as vidas, a largarem as fazendas que tinham, como já dantes fizeram, o dito governador geral mandou da capitania da Parahyba levar muitos indios petiguares, com seus arcos o frechas e as mais armas com que costumam pelejar, persuadindo-os pessoalmente que fossem servir á Sua Magestade, o que elles fizeram de boa vontade, pelo bom tratamento e termo que com elles se teve, até chegarem ás ditas capitanias, onde agora ficam aposentados e fazem muito proveito para defensão dellas, como avisam.

E assim o dito governador geral mandou para o reino quantidade de páu, por não estar contractado, comprado por conta da fazenda de Sua Magestade, para do procedido delle The virem massame e petrechos necessarios para os galeões que pretende fazer e mandar para andarom em serviço de Sua Magestade nas armadas.

E mandou officiaes mineiros ás minas de S. Vicente que o governador D. Francisco de Souza descobriu, para de todo se acabar de informar si eram de proveito para ficiar.

se bene

E, succedendo na Parahyba e outras partes algumas desinquietações do gentio petiguar, causadas e movidas de algumas desordens de nossa parte, elle, governador geral, acudiu a isso, com muita presteza e zelo, mandando tirar devassa, castigando e reprehendendo os que achou serem culpados, de modo que as ditas alterações se aquietaram á satisfação do gentio,

pois nessas desordens e alterações houve de nossa parte captiveiro de copia grande de gentio, o qual o dito governador geral mandou pôr em sua liberdade, satisfazendo-os de modo que foram contentes e assim o estão ao presente de bom termo que com elles se teve.

E assim sobre o contracto dos dizimos deste estado, contratado á Gabriel Ribeiro, fez o dito governador geral algumas lembranças á Sua Magestade, uteis a seu serviço e accrescentamento de sua fazenda e em grande prol deste estado e do bem commum delle, de que Sua Magestade lançou mão e o remediou conforme o aviso, no que elle mostrou o zelo que tem de em tudo acertar no serviço de Sua Magestade e cumprir com a sua obrigação.

Finalmente certifico que o dito governador geral, em tudo tocante a seu cargo, procede conforme a obrigação que tem, dando satisfação de justiça ás partes que lh'a requerem, ouvindo á todos as horas, tratando a todos com muita cortezia e bom tratamento.

E em fé do sobredito, me assigno aqui nesta villa de Olinda, a vinte nove de Junho de mil seiscentos e tres annos. Manoel Mascarenhas Homem.

TAVERNAS DO RECIFE E BARCOS

Treslado do auto que mandou fazer o Senhor governador geral Diogo Botelho de como achou no Recife e porto desta capitania de Pernambuco, que os capitães que do forte do dito Recife foram, antes delle vir, costumavam e tinham tavernas no dito logar, suas, em que vendiam vinhos, sem consentirem que outrem vendesse sem sua licença, e assim tinham barcos em que descarregavam os navios, sem consentirem que houvesse outras barcas, nem darem palha para queimarem os ditos navios, e de outras cousas que mandou tirar e ordenar em melhor forma.

Anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil seiscentos e dous annos, aos vinte e nove dias do mez de Setembro do dito anno, nesta villa de Olinda, capitania de Pernambuco, partes do Brazil, nas pousadas do Senhor Diogo

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