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Diogo Botelho, governador do Brazil, amigo.- Eu El-Rei vos envio muito saudar. Vi algumas cartas vossas que me escrevestes o anno passado e por ellas entendo quão bem procedeis nas materias do governo desse estado e do meu serviço, o que vos agradeço muito e os avisos que me daes de algumas cousas, que se vos offerecem para melhoramento de minha fazenda e do governo do mesmo estado, que tudo é mui conforme á vossa prudencia e ao que de vós confio. E o que me escreveis sobre a cura das almas do gentio dessas partes, encommendando aos religiosos da Companhia a dita cura e repartindo por elles duzentos mil réis, dando a cada aldeia vinte mil cada anno, por tempo de dois, até a me dar contas, tive por muṛ acertado, e hei por bem que se paguem os duzentos mil réis na fórma em que os tendes repartido, emquanto eu não mandar o contrario. E toda esta materia vos hei por mui encommen dada por ser de minha principal obrigação.

O que me dizeis (que devo mandar ordenar o governo desse gentio na fórma que se usa nas Indias de Castella), posto que não recebi o regimento das ditas Indias, que dizeis me enviaveis, tenho mandado ver este negocio, e vos responderei a resolução que nelle houver por bem de tomar.

E tambem se ficará vendo o que convem fazer sobre assentar relação de lettrados nesse estado, como apontais.

O soccorro que mandastes contra os aymorés e pazes que com elles assentastes, tive por acertado e vol-o agradeço e assim o castigo que déstes aos negros da Guiné alevantados, e o soccorro que mandastes á capitania de Porto Seguro e devassas que ordenastes tirar do alevantamento que os moradores fizeram contra seu capitão, prendendo-o. Tudo tive por bem feito e conforme o meu serviço. E as ditas devassas deveis mandar ver com diligencia e castigar os culpados, si isto já não estiver feito. Como me escrevestes, mandastes a este reino algumas devassas de casos graves e atrozes que succederam no estado, as quaes se não acharam até agora e se deviam perder com a mudança que houve de ministros : Vos encommendo me envieis nas primeiras embarcações a cópia dellas, tiradas dos originaes que lá deviam ficar.

Sobre o descobrimento das terras do Maranhão, de que me daes conta tinheis mandado fazer por Pero Coelho de Souza, vos responderei em outra, depois que se virem os papeis que sobre esta materia me mandastes pelo sargento-mór Diogo de Campos.

As diligencias que me escreveis mandastes fazer sobre a verificação das minas de S. Vicente, tive por acertadas e vos encommendo que, pelos meios que vos parecerem mais conve nientes, acabeis de entender a verdade o certeza dellas. Pelas grandes despezas que se tem feito, convem a meu serviço haver uma verdadeira e inteira relação disso, para o que, confio usareis as diligencias necessarias.

A D. Francisco de Souza tive por bem mandar vir, como The escrevo pela carta que com esta irá, por entender não ser necessaria alli sua assistencia. Encommendo-vos lh'a mandeis logo e deis todo o favor e ajuda que lhe for necessaria para servir.

Vi o que me escrevestes sobre a execução de uma provisão minha, que vos foi, sobre se continuar o pagamento da imposição que os moradores desse estado puzeram sobre os vinhos para a fabrica da Sé da Bahia e igreja matriz de Pernambuco, em que me dizeis que se procede com alguma repugnancia dos moradores.

E porque eu tenho mandado ver esta materia e o que me apontais acerca do direito que se pagava por cada caixão de assucar que tirastes, do que sobre ella convem a meu serviço vos avisarei brevemente.

Tambem recebi as plantas que me enviastes, de algumas fortalezas deste estado, que se ficam vendo e vos responderei o que convem.

O cuidado que me dizeis tendes de prover os armazens de armas e munições, vos agradeço muito; e sobre as que para elles mandais ora pedir, se vos responderá.

E como sou informado que em todas as companhias de soldados ha praças mortas e outras de naturaes, hei por meu serviço que os naturaes e moradores não vençam soldo na terra onde houver companhias que se paguem por conta de minha

fazenda. E assim o ordenareis e tereis muito cuidado que se não paguem as ditas praças mortas.

Tive por acertado dardes regimentos aos officiaes que os não tinham e os que me mandastes se ficam vendo para se ordenar sobre elles o que houver por meu serviço. O que mais ordenardes, me enviareis.

No pagamento dos ministros ecclesiasticos, deveis proceder com a pontualidade que convem á minha obrigação, e o mesmo aos da justiça, guardando em tudo vosso regimento, que vos encommendo vejais muitas vezes, para em tudo proverdes, como de vós confio.

E porque terei por meu serviço fabricarem-se nesse estado alguns galeões por conta da minha fazenda e pela ordem que me apontais, mandarei brevemente vos responder o que nisso hei por bem façais.

Aos moradores desse estado, tive por bem conceder a provisão que pedem, para não serem obrigados a pagar dizimos dos engenhos que reedificarem, por tempo de dez annos, como foi a outra que lhes concedi e se acabaram, com a declaração de que haverá logar sómente naquelles engenhos que, depois de estarem devolutos por tempo de duas novidades inteiras, se reedificarem de novo; e nesta fórma mandei passar a dita provisão, que se vos enviará com esta.

Por ser informado que por estar a alfandega de Pernam. buco na villa de Olinda e os officiaes della viverem na mesma villa, que está uma legua do arrecife, onde as mercadorias se embarcam e desembarcam, ha occasião de se desencaminharem muitos direitos dellas e se commetterem outras desordens, hei por bem que a dita alfandega se passe ao Recife e os officiaes della vivam ahi mesmo. Pelo que vos encommendo que assim o ordeneis.

No particular das queixas que me daes de algumas pessoas tratarem de vos calumniar ante mim, não se offerece por ora dizor-vos outra cousa senão que confio que tereis proce lido de maneira, nas obrigações desse cargo e do meu serviço, que mereçais fazer-vos eu avantajadas mercês.

Escripta em Lisboa, a dezenove de Março de seis centos e cinco.

Rei (com rubrica e guarda).— Fernão Telles. telho, governador do Brazil.

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Diogo Botelho, governador amigo. Eu El-Rei vos envio muito saudar. Vi a carta que me escrevestes e diligencia que fizestes sobre o descobrimento dos Abrolhos, que vos encommendei por minhas cartas, e vos agradeço, tenho em serviço o bom cuidado com que nisso procedestes, que foi mui conforme á confiança que de vós tenho, e vos agradecerei fazerdes continuar no proseguimento que tambem vos foi por mim encommendado, das outras ilhas, da Trindade e de Martin Vaz, que, pelas razões que me escrevestes, se não poude concluir pelos pilotos que a isso mandastes, posto que a diligencia que fizeram no descobrimento dos ditos Abrolhos veio muito bem feita. E assim confio dareis ordem para que a outra se acabe e vol-o terei em serviço.

Escripta em Lisboa, a vinte e dois de Agosto de mil seiscentos e cinco.-Rei (com rubrica e guarda).—Fernão Telles. A Diogo Botelho, governador do Brazil.

Diogo Botelho, amigo.- Eu El-Rei vos envio muito saudar. Por cartas de Flandres que tiveram mercadores desta cidade e por outros avisos que deram alguns mestres allemães, se entende que nos estados revéis se armavam doze urcas grandes para irem á India e trinta para lhes darem guarda até certa paragem, com desenho de virem correndo de volta as costas desse estado, S. Thomé e Cabo Verde; e que tambem se apparolhava outra quantidade dellas para irem ás Indias e algumas para resgatarem na costa da Mina, fazendo tambem o damno que pudessem, de caminho, nas conquistas desta corôa. E posto que não tenha eu este aviso por outras vias, e a quantidade de navios que por elle se entende armam-se, exceda muito a potencia daquelles rebeldes, parecendo que se não o póde ter por certo, me pareceu que por cima de tudo vos devia advertir e encommendar-vos, como o faço, por esta, que logo, tanto que esta receberdes, ordeneis que as forças desse estado se apparelhem e estejam apercebidas para qualquer accidente, succe

dendo frem lá essas [náos ou outros alguns inimigos; de modo que em tudo procedais com o cuidado e diligencia que de vós confio, porque disso me haverei por bem servido de vós.

Escripta em Lisboa, em trinta e um de Março de mil seiscentos e cinco. O Bispo do Porto. Para o governador do Brazil.

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Diogo Botelho, amigo. Eu El-Rei vos envio muito sau. dar. Vi o que escrevestes sobre os indios que Pero Coelho de Souza e os da sua companhia captivaram e como captivos seus mandaram a Pernambuco, onde o ouvidor geral desse estado com parecer de lettrados os julgou por captivos; e sendo-vos enviados os autos da dita sentença, foram do mesmo parecer os lettrados com quem communicastes esta materia. E, com tudo, mandastes sobre estar na execução da dita sentença e pareceres, para que os indios se conservassem até saberdes o que eu sobre isso vos ordenaria; no que procedestes conforme ao que de Vossa prudencia se devia esperar. Ora, mandando eu ver os autos que se fizeram sobre o dito captiveiro e outras informações que tive da mesma materia e razões mui urgentes do serviço de Deus e meu, se achou que o dito captiveiro não era legi. timo nem conforme és leis que sobre isso são passadas, nem era conveniente para o bom proseguimento daquella conquista escandalisar os indios dessas partes com captiveiros, que elles tanto temem e aborrecem ; e houve por bem de os haver a todos por livres e mandar que sejam tornados a suas terras, como vereis pelo meu alvará que sobre isso mandei passar. Pelo que vos encommendo que, tanto que o receberdes, o façais logo exe cutar, porque nisso me haverei de vós por bem servido. E oque mais me tendes escripto sobre a dita conquista e descobrimento que mandastes fazer, se fica vendo e brevemente vos mandarei responder o que acerca della houver por meu serviço. E tambem vos mandarei responder sobre o governo das aldeias dos indios, porque tambem se fica vendo esta materia.

Escripta em Lisboa a vinte e dous de Setembro de mil seiscentos e cinco. E eu, o secretario Pero da Costa, a fiz

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