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Aqui me vês de volta
Dessa missão divina
Com que Tu me enviaste
A obstar fatal ruina,
Que emfim 'stava imminente
A uma naçãò nascente.

Na plaga Americana,
Que á Cruz é consagrada,
Junto de um Regio Infante
Eu fiz longa morada,
Desde o primeiro dia
Que os lhos elle abria.

Eu o embalei no berço,
Com elle audei no braço ;
Comigo deu mal firme
O seu primeiro passo;
E já depois fallando,
Comigo andou brincando.

Cresceu do Pai delicia,
Dos povos esperança,
E varonil esteio

Do cepo de Bragança;
Que a terna mãi perdera

Quando de um anno elle era.

Depois sabes que horrenda Fatal calamidade,

C'o turbilhão furente

De irosa tempestade,

Do pai tambem lhe veio

Roubar o terno seio.

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Mal completava um lustro,
Quando, orphão derelicto,
Pagando em tenros annos
De adultos o delicto,
Com debil voz gemente
Chamava o Pai ausente;

E já de todo apoio
E protector privado,
Elle o mais forte arrimo
Devia ser do Estado;
E, com milagre novo,
Unir, salvar um povo.

Brinquedos innocentes
E estudos alternando,
Estava com seu nome
O Imperio sustentando,
Só pela alta influencia
Da cándida innocencia.

De teus altos designios
Intérprete e instrumento,
Então na luz mais bella
Peguei do firmamento;
E a fiz passar de leve
Dos Andes sobre a neve.

Com ella, que alli todas
As cores já despira,
Tornada quasi pura
Como de ti sahira,
Teci um niveo e santo

Resplandecente manto.

Com este ao Regio Infante
Cubri os tenros hombros ;
E então virão-se os povos,
Do Mundo com assombros,
Honrar em um menino
O teu candor divino.

E quando, irosa e fera,
A Discordia assanhava
Os ánimos convulsos
C'o facho que agitava;
Do pequeno a lembrança
Chamava-os á bonança.

Amor e geral centro
Era da Nação toda,
E laço que prendia
A quanto tinha em roda,
Com poder alto, occulto,
Mais que reinante adulto.

Vivífica esperança,
Bello porvir pintando,
A todos consolava

Com ar alegre e brando;
E o presente e o futuro
Nelle se vio seguro.

Dobrou a confiança

Quando, em assiduo estudo,

Desenvolveu sublime

Siso e saber em tudo;

Dizendo cada labio :

Teremos um Rei sabio.

Eu que á instrucção e á sciencia Prefiro a sãa virtude,

(Não que as despreze e a ellas Preponha quanto é rude) Repetia: ha ae sê-lo

Mas com virtude e zelo.

E toda as minhas vozes
Acreditando a gente,
Dizia; se bens tantos
Nos traz inda innocente;
Quaes não trará chegado
Ao seu completo estado ?

Oh! sim, que nesse tempo
Feliz será seu povo;
Tudo ha de ser mui bello,

Feliz, ameno e novo.

Então será de certo

A terra um ceo aberto.

Porém a impaciencia
Do povo esperançado,
Esse feliz futuro
Quiz ver anticipado ;
E fim pôz nessa ardencia
Ao reino da innocencia.

Findou naquelle instante
Minha missão celeste :
Eu recolhi meu manto,
Porque outro Tu lhe déste,

Por ti abençoado,

Mas por mortaes bordado.

Um poderoso Archanjo
De espada fulminante
Veio render-me; e ao lado
Postou-se do Imperante,
Que, do Brazil no throno,
Emfim de si foi dono.

Eu o deixei seguro
Por forte alta defesa;
Mas vi que o sceptro d'ouro
É de metal que pesa;
Vi que os reaes cuidados
Inda são mais pesados.

Ah! tenho do daquella
Tão tenra fresca idade
Tão cedo sob o peso
Da grave Magestade.
Sem que haja nessa sorte
Doçura que a conforte.

Já meus varios brinquedos
Não posso offerecer-lhe.
Ah! só Tu, Deos benigno,
Só Tu podes valer-lhe:
Manda, se leda a queres,
O Anjo dos prazeres.

Sorrio-se amavelmente

Á bella singeleza

Do Anginho da Innocencia
O Auctor da Natureza;

E scintillou ao riso

O Mundo e o Paraiso.

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