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a descobrir, no dia 1o de Janeiro de 1502, a bahia do Rio de Janeiro (12).

Tomando-a por um rio, deu-lhe André Gonçalves o nome que ainda hoje conserva de - Rio de Janeiro.

Pouco se demorou nestas aguas a expedição de André Gonçalves, dirigindo-se logo para o Sul do continente na derrota que trazia.

Ficou então, por muito tempo, abandonada a vastissima bahia, a que os Tamoios, habitadores das suas margens, denominavam de Guanabara (13) e tambem de Nicteroi (14), pois que só em 1531 entrou em nosso porto a frota de Martim Affonso de Sousa (15).

(12) A bahia ou antes golpho do Rio de Janeiro foi descoberta no 1o de Jaairo de 1502 por d. Nuno Manuel e Americo Vespucio.» (CANDIDO MENDES - Atlas do Imperio do Brasil.)

O Visconde do Rio Grande diz em sua obra O Fim da Creação que o primeiro Tome, que teve esta bahia, foi Lago ou Rio de Genebra, que depois se tornou em Rio de Janeiro. Isto não é exacto. Foi J. Léry quem, cm 1578, escreveu Rivière de Geeure que é antes corrupção de Rio de Janeiro, nome conhecido em épocha muito anterior a Léry. (MOREIRA PINTO — - Diccionario Geographico Brasileiro.)

Fr. Francisco de Sancta Maria, fr. Gaspar da Madre de Deus, Silva Lisboa, Ayres de Casal, Pizarro, Mello Moraes e outros, julgam que foi Martim Affonso de Sousa quem deu à nossa bahia o nome de Rio de Janeiro, por haver chegado a 1o de Janeiro de 1532: essa proposição, porém, não pode mais ser sustentada, depois que foi divulgado o Diario de Pero Lopes de Sousa na Revista Trimensal do Instituto Historico, T. 24, 1861.

(13) Guanabara ou, como escreve J. Léry, Ganabara. Pensa Varnhagen que deve ser Guanapará (seio de mar). Ha razões para acreditar que as denominacies Nicteroi e Guanabara se applicavam, aquella á margem oriental e esta á occidental; outras considerações fazem crer que aquella designação se referia mais particularmente à parte da bahia, onde se acham as duas cidades, e esta ao eio mais largo e interior, onde existem todas as ilhas e desaguam os rios mais consideraveis.

(14) Nicteroi é como actualmente escrevemos. Segundo Ayres de Casal e outros chronistas, deveriamos graphar Nyterōi, isto é, agua escondida. Assim explica o dr. Baptista Caetano, baseando-se no testimunho de Hans Staden que fora prisioneiro dos Tamoios nos primeiros tempos da descoberta.

(15) Nomeado por indicação do vedor da Fazenda d. Antonio de Athaide, teriormente conde da Castanheira, Martim Affonso de Sousa que já era conselieiro, fidalgo da Casa Real, senhor do Prado e de Alcantara, alcaide-mór de Bragança e do Rio Maior, apesar de ainda não haver practicado feitos notaveis - tinha dotes pessoaes bastantes para que seu primo, d. Antonio de Athaide, não se enganasse na escolha que ao rei aconselhava, como veio comprovar não só o exito d'essa expedição ao Brasil, como a brilhante serie de serviços de tão illastre varão na Asia. Martim Affonso de Sousa foi o donatario da Capitania de São Vicente.

Partindo de Lisboa a 3 de Dezembro de 1530, commandando uma armada composta de duas náus, um galeão e duas caravellas, vinha Martim Affonso de Sousa, enviado por d. João III (16), com os mais amplos poderes para fazer respeitar o pavilhão das quinas lusitanas, d'aqui expulsando os intrusos (17), e tambem para dar principio á colonização do vasto territorio pertencente á coroa de Portugal, fundando um ou mais nucleos nos pontos para esse fim mais apropriados (18).

Percorrendo essa esquadra a costa brasileira, desde a altura do cabo de Sancto Agostinho (19), onde aprisionou tres navios francezes, aportou á bahia do Rio de Janeiro no dia 30 de Abril de 1531 (20).

(16) D. João III, filho de d. Manuel, subiu ao throno em 13 de Dezembro de 1521, por morte de seu pae.

(17) Eram sobretudo os Castelhanos e os Francezes. Os primeiros pretendiam se estabelecer no Rio da Prata, e os ultimos, auxiliados por armadores de Honfleur e de Dieppe, já haviam chegado a crear feitorias na costa do Brasil, para mais facilmente practicarem o contrabando da madeira preciosa, que déra o seu nome á terra que fora chamada de Sancta Cruz.

(18) Martim Affonso de Sonsa limitou-se a explorar o littoral brasileiro, onde foram collocados marcos do dominio portuguez; tocou successivamente no cabo de Sancto Agostinho, em Pernambuco, Bahia de Todos os Sanctos, onde se encontrou com Diogo Alvares (Caramurú), Rio de Janeiro e Cananéa. Graças ao auxilio que teve dos Guaianazes, entre os quaes vivia o portuguez João Ramalho, casado com Bartira, filha do cacique Tebiriça, fundou a colonia de S. Vicente. Accedendo aos reiterados convites de Tebiriçá e de João Ramalho, subiu Martim Affonso de Sousa a serra de Paranapiacaba (logar donde se.avista o mar), e chegou aos formosos campos de Piratininga (peixe secco), onde fundou a segunda povoação chamada Sancto André da Borda do Campo.

(19) A 31 de Janeiro chegava a esquadra à altura do cabo de Sancto Agostinho. Esse cabo fora descoberto em Janeiro de 1500 - recebendo o nome de Santa Maria de la Consolación — por Vicente Yanez Pinzon que, como capitão da Niña, havia sido um dos companheiros de Colombo no descobrimento da America. Tambem em Fevereiro ou Março do mesmo anno Diogo de Leppe avistava o mesmo poncto da costa brasileira.

Achava-se, pois, o Brasil realmente descoberto pelos navegadores hispanhóes Yanez Pinzon e Diogo de Leppe, e antes d'estes, por Alonso Hojeda, Americo Vespucio e Juan de la Cosa, precedendo a Pedro Alvares Cabral, o navegador portuguez. « O Brasil, diz João Ribeiro, foi para os Portuguezes uma dadiva da sua diplomacia ».

Entretanto a respeito da questão de prioridade chronologica, pretendem Damião de Góes e João de Barros que, a Cabral, na viagem do descobrimento do Brasil, accompanhou um fidalgo portuguez, Duarte Pacheco, notabilissimo cosmographo, um dos que assignaram o tractado de Tordesilhas, e que, jà em 1498, havia feito uma viagem ao Brasil, como consta de seu livro Esmeraldo de situ orbis. (20) Suppбe-se que o logar em que desembarcou Martim Affonso de Sousa conhecido durante muito tempo sob o nome de Porto de Marlim Affonso,— foi

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Logo que aqui chegou, mandou Martim Affonso de Sousa construir uma casa forte com cêrca em roda, visto não haver ainda feitoria alguma.

Depois de uma demora de tres mezes no Rio de Janeiro, diz Pero Lopes de Sousa (21) no seu Diario, tendo tomado mantimentos para um anno para quatrocentos homens e feito construir dous bergantins de quinze bancos, continuou o capitão-mór a sua viagem para o Rio da Prala, que nesse tempo se chamava Sancta Maria.

<< Ao excellente porto do Rio de Janeiro, talvez o primeiro do mundo, cuja importancia Martim Affonso de Sousa não comprehendeu ou não teve tempo de examinar, não obstante haver-se nelle demorado tres mezes, de 30 de Abril a 1o de Agosto de 1531, como se verifica no Roteiro de Pero Lopes de Sousa, seu ermão, se deve a creação desta Provincia (22) e sua denominação.

Foi necessario que os Francezes viessem mostrar o alcance de tão magnifica posição, tendo-se perdido, de 1502 a 1567, mais Je sessenta annos infructiferamente.

« Foi ainda necessario, para conseguir a posse, que os missionarios Nobrega e Anchieta, á custa de grandes sacrificios e abnegação apostolica, obtivessem a paz com os indigenas Ta

a Praia Vermelha, onde hoje se acha a Eschola Militar do Brasil.- Diz o dr. Mello Moraes Filho, no Archivo do Districto Federal, que a Praia Vermelha foi a Praia Martin Affonso,

Martim Affonso de Sousa demorou-se tres mezes no Rio de Janeiro, estabelecendo em terra uma ferraria para concertar varias peças dos seus navios. (MoRERA PINTO, ob. cit.)

Na 1a edição da Historia Geral do Brasil, diz Varnhagen :

Não é fora de proposito suppôr que esse estabelecimento fosse situado na tocca do riacho (hoje Cattete), e que d'ahi se originou o nome Carioca, casa de tranco. — Na 2a edição, porém, diz o referido auctor ter suspeitas de que essa casa foi construida em 1502 por Gonçalo Coelho.- A opinião geral é que Martim 17-0 desembarcou e occupou o sitio, onde está hoje o Hospicio Nacional de Areaados, o qual, por muito tempo, conservou a denominação de Porto de Martin Afonso.

(21) Pero Lopes de Sousa foi, em 1534, 0 donatario da Capitania de Sancto Amaro, e morreu em um naufragio, perto de Madagascar, em 1539.

22) A Provincia do Rio de Janeiro, que sob o mesmo nome fórma hoje um dos vinte Estados da União Brasileira, foi constituida por territorios pertencentes ás antigas capitanias de S. Vicente, Cabo Frio e S. Thomé ou Parahiba do Sul.

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