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PEDRO I E A MARQUEZA DE SANTOS

(Excerpto)

CAPITULO XI

De 1808 em deante, o charrúa, o lupamaro e o caudilho platino 206 incommodaram sempre. Procuravam o equilibrio, quando o Dosso estava feito com a felicidade do regime politico que então. era, por excellencia, regulador e estatico.

Abandonada Mercedes pela divisão do bronco José de Abreu, o incendio da insurreição nos campos uruguaios veio alar-sc Das macegas de nossos campos. Buenos Ayres, creando um derivativo aos seus males internos, punha lenha á fogueira, em que se nos evaporou a Cisplatina.

Ferviam os gringos da campanha na esperança de sacudir, cafim, o jugo sobretudo funesto aos arranjos sanguinolentos da caudilhagem indomesticavel. Aos faccinorosos gaúchocratas da correria oriental não conviria nunca a politica do extrangeiro, que lhes tomava as contas e integrava os nomades e bandidos na ordem vital do Imperio.

Os elementos intellectuaes de Montevidéo annexaram-se com sympathia ao Brasil; só não se conformaram as bolas e o laço de Artigas e Lavalleja, os trinta dinheiros de Fructuoso Rivera, o facalhão de Oribe... Os quadrilheiros blasonavam de patriotas e Serviam ao mesmo tempo aos interesses da pilhagem e degola intra

muros.

Conchavou-se a peonada nas bochechas do marechal Lecor, e 119 de Abril de 1825 os celebrados « Treinta y tres campeones >>

pisaram a areia da Agraciada, para subscriptarem ao Brasil o seguinte desafio: «< Libertar la patria - «< Libertar la patria o morir en la demanda ». Pouco mais de seis mezes depois, o governo argentino nos communicava a incorporação da Cisplatina ás Provincias Unidas do Rio da Prata. Buenos Ayres desmascarava as baterias. A 10 de Dezembro de 1825 o Brasil, vencido no Rincão das Gallinhas e no Sarandi, mas que seria vingado nas sovas de Serro Largo e Pirahi, acceita o cartel de desafio. A Argentina retruca, auctorizando o corso, e pela voz de D. Juan Gregorio de las Heras, fallando ao pampa, com hyperboles deste jacz: «Ciudadanos! desde hoy todos sin ccepcion somos soldados. » Todo o anno de 1826 Lecor atarracha-se à Capua de Montevidéo, triscando com Magessi, que tomou posse do governo da provincia da Cisplatina a 3 de Fevereiro de 1826. O bloqueio de Rodrigo Lobo é um crivo Rosado e Gordilho de Barbuda implicam reciprocamente. Formígam desertores dignos dos dez ou seis pesos, com que Lavalleja amilhava os judas. . . A 20 de Julho de 1826, o visconde da Laguna avizava da invasão do Rio Grande nestes termos peremptorios e alvorotadissimos: « O inimigo em Força de seis a sete mil homens vae marchar para essa Fronteira, se bem que ainda se ignore a que ponto se dirigirá, por tanto chame V. Exa. todos os habitantes ás Armas, pois que do contrario essa Provincia soffrerá hum damno consideravel, fazendo retirar os Gados e Cavalhadas para o interior da Provincia» etc.

José de Castro Canto Mello, a 21 de Julho de 1826, utilizava-se das relações imperiacs, participando os horrores dos pagos rio-grandenses para as intercessões do Throno. A 12 de Septembro o imperador atira aos hombros de Barbacena o encargo do commando em chefe. A 25 de Novembro, o Monarcha não se refrcia c parte á inculca...

Eram pessimas as conjuncturas, arcas vasias do Thesouro, e segundo Barbacena afiançava : « A despeza dupla do que marca a Ley.» O exercito, reduzido a uns 3.000 homens, sem unidade e sem preparo, em grande parte inamovivel e mazorro, prenhe de analphabetos, de mandriões, de covardes e sobretudo de cansados.

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O imperador teria recordações classicas e lido o apologo das coto-
vias de Manuel Bernardes. Precedera-o de vinte e um dias o
marquez
de Barbacena, rumo do Sul, levando com tres creados,
cinco escravos e o Estado Maior, o bastão de commando em-
brulhado na carta imperial do marquezado novo em folha.

A 8 de Novembro aportava Barbacena no Desterro, entre as furias do vento Sul, que o impediu de desembarcar no primeiro dia. As noticias que alli recebeu do exercito o desolaram, embora puzesse de quarentena as informações, que lhe ministravam. Nos habitantes da ilha de Sancta Catharina vislumbrava-se a tristeza corvejada da campanha. A 23 o general alcançou PortoAlegre.

Não se sabia a quantas se andava. O Estado Maior do visconde de Laguna calculava as forças brasileiras em 5101 homens contando com os 1831 destacados e doentes. Mas o general Rosado negava a exactidão do numero. Barbacena propendia ao total de 6852 praças. O soldo atrazado de cinco e oito mezes, em Dezembro, achando-se entretanto o Estado Maior pago em dia! A 15 de Dezembro escrevia Barbacena ao conde de Lages: «< Seria mesmo necessario escrever resmas de papel para notar os abusos observados, além dos que hei de ainda encontrar » e «< todas as rendas do Imperio, e todo o armamento da Grãa Bretanha não poderião resistir a tantas causas combinadas para frustar as Ordens, e providencias do Ministerio. >>

Apenas chegado á provincia de S. Pedro, Caldeira Brant age com a maior intelligencia e decisão, estabelece o serviço de communicações, fortifica o Rio Grande, organiza a defesa da Lagôa Mirim, reforça a esquerda, ordena uma demonstração naval na costa de Maldonado, organiza um depósito de recrutas e manda recolher aos corpos a « alluvião » de soldados e officiaes distrahidos dos seus postos. Somente este rol de medidas, sábias e rapidas, salvará Barbacena nos lentos juizos da Posteridade.

Ainda sobrava o tempo ao general para reclamar do Governo a solução de questões bysantinas, taes como, si a duração legal dos cavallos terminava com a morte das alimarias pelas balas, si as

bagagens dos officiaes, saqueadas pelo inimigo, deviam ser indemnizadas pelo Governo, etc.

«Eu sou tão Piedoso quanto Forte. Escolhei, e Decidi-vos >> era este o final de um edito imperial aos habitantes da Cisplatina; como se vê, documento roncante e cheirando ao chamusco das pederneiras do marechal João Henrique de Böhn. Cansado de soprar palavradas ribombantes e inefficazes, quiz d. Pedro attender, com os olhos animosos, da vanguarda ás bagagens, o aperreamento dos esquadrões, a inercia ignava das vedetas, a tibieza e desorientação dos chefes, para dissolver a negligencia, o terror e a fadiga na incendida catalyse do brio e decisão. Diz bem o proloquio, que o rei é como o sol, que quanto vê alenta.

No officio de 22 de Dezembro de 1826, dirigido por Villa Bella a S. Leopoldo, apontam essas esperanças: «<e porá termo a tantos males, que tem soffrido pela luta em que nos achamos com os rebeldes, valendo Sua Imperial Presença mais que um exercito ! »

A viagem de d. Pedro regozijara a Barbacena, que officiava ao Lages a 15 de Dezembro: «Se não tivesse em abono o testemunho do Imperador, que minha boa estrella o trouxe a esta Provincia para reconhecer as difficuldades em que estou involvido », etc.

O problema da avançada campanha tinha ainda de ser resolvido nos primordios estrategicos. Precisaria apressar e completar a concentração, isto é, provendo as intendencias, arrastar ás fronteiras uns doze mil homens indispensaveis. Os corpos disponiveis da tropa amarravam-se ao ocio de engorda das guarnições do interior, bandos, sem cohesão, de negros, de allemães, de caboclos, de indios e portuguezes, surdos de proposito ou molles de natureza, para correrem aonde o dever da defesa, no theatro das operações, os chamasse. Recrutar soldados e levar por deante os grupos de parasitos e paraplegicos, arrebanhar os soldados bisonhos e mofosos na tarimba e apontar á corja retardia o caminho que tinha de seguir, para o que era estipendiada e necessaria, seria a intenção do imperador correndo aos campos rio grandenses. No tom ordinario de espalhada, peculiar ás proclamações officiaes, d. Pedro desenrolara, a 12 de Novembro de 1826, os motivos que o instavam á viagem: a ne

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cessidade de sustentar a honra nacional, fazer com que a guerra do Sul acabasse, animar o engajamento dos habitantes das provincias do Sul e vêr com os proprios olhos as necessidades do exercito. O que elle a respeito escreveu a d. Domitilla não desmente as declarações aos Fluminenses », precisando-as no ponto essencial: « Pertendo partir se Deus quizer depois de á manhan para o Rio Grande, pois assim farei que com mais facilidade a tropa se vá encorporar ao Exercito ».

O apresto da partida de d. Pedro no Rio foi a trancos e barancos, varrendo-se os depositos e arsenaes; attestaram-se os porões de munições de bocca e de guerra. Officiaes, soldados do 27 de Caçadores e avulsos recolheram-se a bordo das dez unidades, reparadas a trouxe mouxe, sob as vistas de d. Pedro, mais do que nunca indefessas.

A 29 de Novembro fundeava a frota em Sancta Catharina, tendo sido logo visitada por um furacão e tendo dado caça ao corsario, que escapara, tal qual um baleote ás ganas do espadarte... Mal caira o ferro na agua do Desterro, assim escrevia d. Pedro á amiga que, segundo affirma o ministro prussiano, escapou de acompanha-lo, dando-lhe contas da viagem: «Neste momento fundiamos com muito boa viagem e com o comboio todo junto ao largar ferro cahiu um Pampeiro etc. com trovoada, mas fraca. Esta manhan as 9 horas avistamos huma curvetta com bandeira franceza demos-lhe cassa por 2 horas, e meia, e não entrando com ella pois andava mais voltamos a entrar com a Comba. Mandei o Passaro por excellencia que he a fragatta Izabel que tendo este nome não podia ser má, e anda muito, e tenho subejas esperanças que seja agarrado o tal inimigo que he uma linda curvetta, e esteve tão perto da Nau como pode ser de tua casa a ilha da Caxassa.»

Pondo o pé em terra, d. Pedro enveredava a 1 de Dezembro para Porto Alegre, afivelando azas nos pés.

Durante a estada na provincia de São Pedro, a tenacidade do imperador não se desmente um só instante; a todos falla e de tudo se lembra. A 7 de Dezembro torna effectiva a promoção de

Barbacena a tenente-general, o que presuppõe intenções de resi

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