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por isso dizem que se tem encontrado muitas povoações enterradas á grandes distancias dos mares, as quaes outr'ora estiveram banhadas pelas aguas. Todos estes philosophos auctores de systemas contrarios apresentam razões mui plausiveis em apoio das suas doutrinas: lembram-se de mares mediterraneos inteiramente fechados: lembram-se de communicações francas do Mar Roxo com o Mediterraneo; do Golfo Persico com o Mar Caspio; d'este com o que ora se chama Baltico, e com o Mar Glacial. Apresentam razões diversas ácerca da corrente do Oceano Atlantico para o Mediterraneo; calculam a evaporação das aguas d'este ultimo, pela força do sol; affirmam que os Mares Caspio, Azow, Baltico, com os seus colfos de Finlandia, e Bothnia, hão de ficar aterrados ou em secco; e mostram pelos escriptos mais antigos, que o delta do Egypto é de creação comparativamente moderna.

$ 20. Parece-me que não póde entrar em duvida que as aguas tem diminuido pela força da evaporação causada pelo sol, que as montanhas foram antigamente mais elevadas, que os diversos meteoros, e principalmente as chuvas, e os degelos tem feito descer para os valles grandes porções de terra, e que os rios tem impellido muitas aras para os mares. As terras que ora se acham seccas abaixo das serras do Brasil, desceram provavelmente das montanhas; e a ilha do Marajó no Amazonas, todas as do Rio da Prata foram creadas pelo mesmo modo que se formou o delta do Egypto, e o da fóz do Mississipi. Os baixos e bancos do Rio da Prata, hão de um dia ficar convertidos em ilhas; a bahia do Rio de Janeiro, ha de aterrar-se, e com effeito já se vai aterrando com os despojos da serra, e por diversos outros modos, e as lagoas Mirim e Patos do Rio Grande, hão de cessar de existir, conservando-se unicamente os canaes sufficientes para a passagem dos rios. Eu acredito na evapora

ção das aguas, e por conseguinte vejo-me obrigado a reconhecer a possibilidade de deixarem de existir mares em alguns lugares em que ora se navega sobre nossas columnas de liquido de insondavel profundidade. Isto não ha de ser obra de dez, vinte ou trinta seculos: a natureza tem muitos recursos, e os homens hão edificar novos portos em terras que tem de apparecer descidas das montanhas, ou creadas pelos grandes artificios que a natureza está empregando dia e noite para se augmentarem ou fazerem novas ilhas e formarem novas regiões que hão de ter habitantes civilisados.

S 21. Estes artifices são os polypos: as suas obras são admiraveis e muitos navegantes philosophos do Mar Pacifico, reconhecem que a elles se devem a maior parte das ilhas; e que alli se estão creando grandes continentes. Estas creações vão impellindo as aguas para outros lugares, e por isso se observa, que o mar tem entrado por algumas terras, e destruido povoações que outr'ora existiram no estado mais florescente As opiniões dos philosophos ácerca da successiva diminuição das aguas do oceano, não admittem razões em contrario. Elles dizem que depois do diluvio, por effeito do sopro divino, ficaram descobertas as mais altas montanhas da terra, e que todas as regiões inferiores existiram por um grande numero de seculos cobertas d'agua: dizem que o Sahará da Africa, e Cabo da Tartaria, as Pampas da America, e a maior parte da Nova Hollanda estiveram inundadas; dizem que o Mar Caspio unido ao Aral occupava um terreno muito mais extenso do que o do tempo presente; que parte da Italia não existia, finalmente mostram que as terras seccas das idades antigas eram mui pequenas em comparação das que hoje existem descobertas. Isto prova que as montanhas estão soffrendo delapidações, que as terras vão entrando para os mares e que as aguas desapareceram por via da

evaporação, pois não é possivel que, todas as que cobriram o Continente, entrassem para cavernas subterraneas, salvo no caso de se entender que o globo em que habitamos é inteiramente oco, e que houve no tempo em que existiu vasio em todo ou na maior parte. Os compositores de systemas do mundo combatem-se a respeito da creação do globo terrestre; e eu que acredito, que as aguas vão-se evaporando, não deixo todavia de entender que todas as terras que ficam acima da serra do mar do Brasil, acham-se em secco ha immenso numero de seculos, e que todas ellas foram habitadas; e que d'ahi desceram para as planicies contiguas ao Oceano muitas hordas selvagens, que lá superabundavam.

CONSIDERAÇÕES

SOBRE O ESTADO DE PORTUGAL E DO BRASIL DESDE A SAHIDA D'EL-REI DE LISBOA EM 1807 ATÉ AO PRESENTE.

Indicando algumas providencias para a consolidação do reino unide

A invasão dos francezes em Portugal, e a consequente transição do throno portuguez para o Brasil, necessariamente deviam produzir uma revolução no systema politico e commercial dos continentes europeu e americano. O ser esta revolução vantajosa ou fatal á monarchia portugueza, dependia inteiramente do bom ou máo regimen que adoptasse o governo. Nunca el-rei precisou tanto como n'aquellas circumstancias, de ter um ministerio completo, composto de ministros habeis e activos que de perfeito accordo se empregassem assiduamente, não só a elevar o Brasil ao gráo de prosperidade de que as suas circumstancias physicas o fazem susceptivel; mas em consolidar por meio de misticos interesses politicos e commerciaes, a união dos diversos e preciosos membros da monarchia, que a natureza pôz tão distantes uns dos outros, espalhados pelas quatro partes do globo.

Infelizmente não succedeu assim. Treze annos que sua magestade esteve no Brasil nunca houve ministerio que merecesse esse nome. Só no principio pareceu querer-se formar um ministerio completo; mas no pouco tempo que durou, os ministros que o compunham não obravam de concerto: não havia conselhos regulares: não se tratava senão de negocios

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