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SESSÃO MAGNA ANNIVERSARIA

DO

Instituto Historico Geographico e Ethnographico do Brasil

No dia 15 de Dezembro de 1863.

DISCURSO

DO PRESIDENTE O SR. VISCONDE DE SAPUCAHY.

Senhores. Os suffragios benevolos de meus illustres consocios ainda uma vez me collocaram n'esta cadeira, para, em cumprimento da lei organica do Instituto Historico, Geographico e Ethnographico Brasileiro, abrir a sessão anniversaria commemorativa de sua inauguração e regeneração.

Não é este acto solemne simples festa natalicia, imaginada com o unico fim de mutuas congratulações pela vida e duração da sociedade ; seria isso uma solemnidade, se não frivola, ao menos de duvidosa utilidade. Outro foi o pensamnto dos collaboradores dos estatutos, revelado por suas proprias disposições.

Cumpre aquelles a quem a sociedade commetteu a importante superintendencia dos seus negocios dar contas do honroso mandato que aceitaram.

Releva outro sim que o publico brasileiro tenha conhecimento do estado da associação, e do modo como se ha esta reunião de amigos das letras no nobre intento de grangear honra e nome para a nação.

No longo estadio de mais de um quarto de seculo percorrido de primeiro entre espinhos e difficuldades, o Instituto Historico, Geographico e Ethnographico Brasileiro, com o auxilio poderoso de seu augusto immediato protector, tem conseguido entrar em uma carreira desempeçada e gloriosa.

As provas d'esta asserçà, no que respeita aos annos anteriores, foram opportunamente exhibidas em suas respectivas épocas, e se acham estampadas nas paginas da Revista Trimensal

Quanto ao espaço que medêa entre esta e a ultima sessão anniversaria, tereis d'aqui a pouco no bem elaborado relatorio do illustrado 1o secretario e no eloquente discurso do prestante orador, amplissimas e cabaes informações.

Vereis quanto o Instituto se estnera no louvavel empenho de continuar a merecer a consideração e confraternidade dos sabios nacionaes e estrangeiros, e especialmente a benevolencia, nunca adormicida, de seu augusto protector, que, não contente com dispensar tantos favores à associação, dignouse hoje, com sua imperial presença e de S. M. a Imperatriz, honrar esta sessão, accrescentando assim os motivos de nossa devoção e profundo reconhecimento.

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DO PRIMEIRO SECRETARIO O SR. CONEGO DOUTOR JOAQUIM CAETANO FERNANDES PINHEIRO.

Senhores. E' sempre com um sentimento de jubilo travado de temor que vos dirijo a palavra n'este dia, para nós de tão grata recordação. Folgo por ver o nosso Instituto, através de nm quarto de seculo, lançar profundas raizes no sólo da patria, e receio-me da debilidade das minhas forças, instruindo-me a comsciencia do quão indignamente hei correspondido á honrosa confiança que em mim depositastes. Habituado porém a olhar para a vossa indulgencia como seguro apanagio, d'ella ainda hoje escudo-me para ser benignamente ouvido.

Circumstancias imprevistas fizeram com que mais cedo do que de costume começassem este anno as nossas sessões, que com a maior regularidade foram celebradas, jámais faltando-lhe a imperial assistencia, que de tanto prestigio a circumda, dentro e fóra do paiz.

Vasta foi a messe colhida no campo das letras, e não poucos obreiros trouxeram-nos as pareas do seu talento e proveitosa erudição. Ouvimos interessantes leituras, cujo breve elencho passo a numerar, com risco de desbotar-lhes o frescor, stenographando-as em minha tosca phrase.

No louvavel empenho de arrancar do olvido factos que constituirão no porvir immorredouro padrão de nossa época,

proseguia o Sr. Dr. Claudio Luiz da Costa na leitura da Historia do Imperial Instituto dos Meninos Cégos, que tão intelligente e caridosamente dirige, escasseando-se-lhe o tempo para chegar á conclusão do seu trabalho. Havendo anteriormente emittido a seu respeito o meu mesquinho juizo, a elle inteiramente me reporto.

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O nosso erudito consocio o Sr. Dr. Joaquim Caetano da Silva occupou por duas vezes a attenção do Instituto com a leitura da 2a parte das suas Questões Americanas, consagrada ao exame philologico da palavra Brasil. Juntando singular perspicacia à longa paciencia que outr'ora tanto distinguiu os discipulos de S. Bento e de S. Mauro, pôz o nosso sabio collega em contribuição todos os subsidios que lhe puderam ministrar as linguas e dialectos da Europa e da Asia, consultou profundos orientalistas, e em seu ardente zelo pela sciencia, que fructuosamente cultiva, foi até esmerilhar nos armazens dos mercadores de páos de tinturaria, nas officinas dos molinheiros e extractadores, as significaçõos technicas do vocabulo estudado, chegando após laboriosas indagações aos seguintes corollarios: Que a palavra Brasil- tem sua etymologia no termo Braze do dialecto genovez, por sua vez oriundo do veneziano - Verzé, onde se entroncam os vacabulos francezes Brésil, Brisil, Berzil. Para completar a serie de suas pesquizas, propoem-se o douto escriptor examinar a importancia philologica do vocabulo veneziano, assignada como manancial de todas as derivações anteriormente ja estudadas.

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Anno algum se passa sem que o nosso prestimoso 3o vicepresidente deixe de constituir o secretario do Instituto no grato dever de proclamar seus novos triumphos alcanca dos na campanha das letras. Duas vezes tivemos a satisfação de ouvi-o a primeira communicando-nos o 4° capitulo da sua magistral Historia da conjuração mineira de 1789, e a se

gunda na Analyse da viagem de Hans-Stadens. Abundando nas considerações que havemos feito por mais de uma vez quanto ao merito intrinseco e a elegante fórma do primeiro d'estes trabalhos, juigo-me dispensado de repetir, com ligeiras variantes, minhas antigas e inalteraveis convicções.

Semelhante a esses infatigaveis operarios cujos hon estos ocios so á novos onus destinados, o Sr. Joaquim Norberto de Sousa e Silva achou tempo para seguir as pisadas do audacioso hamburguez, que embrenhando-se em nossas virgens florestas. e convivendo com os anthropophagos tupinambás e tamoyos, tantos e tão curiosos pormenores colheu dos seus habitos, usanças, lingua e tradições. Com a proficiencia que o caracterisa, rectifica as inexactidões do primitivo viajante, buscando descobrir a correspondencia entre os nomes de lugares e acontecimentos infielmente reproduzidos com a genuidade dos factos e das denominações geographicas. intuitivo é o valor de semelhante monographia, cuja derradeira parte opulentará o espolio litterario do proximo peryplo academico.

Perfunctoriamente discutido pelo Sr. coronel H. de Beaurepaire Rohan, foi um ponto chronologico de magna transcendencia, porquanto vem conciliar contradictorias e auctorisadas opiniões, e fixa com mathematica precisão a primeira das nossas datas historicas.

Numa memoria en lereçada ao Instituto, e lida em sessão de 25 de Setembro pelo Sr. Norberto, exhuberantemente demonstrou o nosso laborioso consocio que a discordancia das datas de 22 de Abril e de 3 de Maio, que encontramos nos mais acredita ios chronistas e historiadores do Brasil, provém de haverem seguido estes diversa chronologia, servindo-se uns do calendario juliano e outros da correcção gregoriana, que só, pelos fius do XVI seculo começára a vigorar.

Produziu a differença de onze dias que se nota entre um e outro calendario o resultado que todos nós conhecemos,

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