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A nacionalidade portugueza é formada de dois elementos; perfeitamente caracterisados na ethnographia e na primitiva occupação do territorio, torna-se mais evidente esta verdade na historia da sua Poesia. Do. Douro até ao Algarve existiam essas povoações mosarabes, que foram sendo encorporadas no territorio em que Dom Affonso Henriques constituiu o seu reino; estas povoações fórmam o elemento gothico-arabe da nossa nacionalidade, e a ellas pertence a grande poesia epico-narrativa dos Romanceiros. No livro das Epopêas da Raça mosarabe, deixamos estudada a formação dos Romanceiros pelos vestigios das tradições gothicas apagadas pelo catholicismo, mas conservadas pela musica e dança dos arabes, até que foram renovadas pelas invasões normandas e scandinavas e pelas Canções de Gesta dos colonos e jograes gallo-frankos.

VI

Em outro volume farêmos a historia da poesia dos fidalgos asturo-leonezes, que da Galliza até ao Mondego occuparam as terras do primeiro nucleo da monarchia; este é o elemento gothico-romano, essencialmente aristocratico. A sua poesia foi uma imitação das canções lyricas dos trovadores provençaes; tendo abandonado os costumes germanicos pela civilisação romana e pelo canonismo catholico, as canções gallezianas nada têm de vital, são uma moda como se usava em todas as côrtes afamadas da Europa. Infelizmente este genero artificial e hybrido conseguiu supplantar a poesia popular. O antagonismo politico entre os dois elementos da mesma nacionalidade não é menos sedento na lucta das duas poesias, a mosarabe (correspondendo ás creações épicas da lingua d'Oil) e a galleziana, (correspondendo ao lyrismo subjectivo da lingua d'Oc).

N'este livro fica escripto o processo em que se de lata o crime da morte de um povo; consummaram-no durante outo seculos a Monarchia e o Catholicismo. A decadencia da nação portugueza, o abaixamento do seu nivel moral, a sua inferioridade diante dos trabalhos da Europa, são o resultado da obra d'estas duas potencias das trevas. Abram-se as Chronicas officiaes, só veremos como os reis se banqueteavam e devastavam ou como os frades morriam com cheiro de santida

VII

de. Nenhuma palavra d'essas laudas succulentas mostra ter conhecido, sequer, a existencia da grande raça mosarabe. Mas a hora do Dia da ira vem perto, e:

Quicquid latet apparebit,

Nihil inultum remanebit.

O que estava occulto apparece. A historia não teria consciencia d'esta iniquidade, nem saberia condemnar a ruina dos Mosarabes, se a Poesia e o Direito d'esta raça que era fecunda não estivessem reclamando a sentença impassivel das edades. Nada hade ficar sem ser vingado. Quem ainda tem boa fé, leia; quem tem vigor e ainda espera, levante-se.

EPOPÊAS

DA RAÇA

MOSÁRABE

ELEMENTO GOTHICO-ARABE

O estudo da historia litteraria, coadjuvado pelas descobertas da ethnographia e da linguística, levou a critica moderna a determinar, d'entre as multiplices manifestações do sentimento e da intelligencia, aquellas fórmas de creação privativas do genio d'um povo, que não são imitações academicas, mas um resultado fatal das faculdades que destinguem uma raça. Chamouse a esta ordem de factos Nacionalitteratura. Em Inglaterra achamos o elemento saxonio e o normando, representando ora a espontaneidade organica, ora o classicismo convencional; em França encontramos o fundo primitivo da raça gauleza, tornado classico no periodo gallo-romano, tornado scismador no periodo

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