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Ainda mais: Quem dotou as Egrejas Cathedraes de Madrasta, Cochim, Cranganor? Foram os Missiorios. Quem adquiriu o rico patrimonio da Missão de Bengala, que em nosso entender tem um valor superior a 200:000$000 réis? Foram os Missionarios Agostinhos.

Se uma grande parte das egrejas, pertencentes ao Padroado, fóra dos dominios portuguezes, teem seus rendimentos de bens e fundos proprios, deve-se isto aos Missionarios, e á sua benefica influencia.

Esteja certo quem lêr esta nossa Memoria, que o Padroado portuguez ainda hoje é muito importante, e não seria muito longe da verdade se calculassemos o valor dos seus fundos e propriedades, entrando o valor material dos templos, em 1.000:000$000 réis, que passarão a ser propriedade da Propaganda, com a extincção d'aquella instituição, como já está sendo o que ella possue e nos pertencia.

A legislação ingleza ainda reconhece e respeita o direito de propriedade na Egreja Catholica, e, apesar de se não dizer protectora e defensora dos sagrados Canones, reconhece tambem, que os Prelados é que pódem unicamente alienar os bens e fundos das Egrejas.

Depois de feitas estas ponderações, esperamos que os nossos leitores partilhem comnosco a convicção de que os Missionarios e as Missões, e portanto o Padroado, são, ainda só considerados debaixo de um ponto de vista economico, proveitosos ao Estado da India portugueza, e que a sua riqueza sentirá sensivel

desfalque com a extincção d'uma instituição, que custou tantos suores, tantos sacrificios, tanto sangue derramado pelos sacerdotes portuguezes, e tambem de alguns filhos de Goa.

Mas, se houver menos Padres que mandem dinheiro para Goa, haverá mais operarios, que applicados á industria fabril e ao commercio, verdadeiras e perennes fontes de receita, supprirão com vantagem a falta que poderá, quicá, causar a perda, ou a extincção do Padroado. Esta observação só poderá ser feita, por quem nunca esteve em Goa. Os individuos, que se destinam ao estado ecclesiastico, pertencem em regra á classe dos que não trabalham, que é numerosa na India portugueza, e se não forem Padres, serão medicos, advogados, procuradores, escrivães; porém nunca artistas ou cultivadores. A Asia tem suas castas, e antes querem morrer de fome e perder tudo, do que perder a casta. É esta a sua maxima, ou modo de pensar dos seus habitantes.

CAPITULO XXVII

Conclusão

Damos por concluido este nosso trabalho, que por ordem superior nos foi mandado fazer.

Se n'elle não temos expendido todos os esclarecimentos, que podiamos dar sobre objecto tão momentoso; se não temos alongado as nossas reflexões, tanto quanto o podiamos fazer; se não temos dado a esta Memoria tanta extensão quanta ella certamente podia ter, foram duas as razões que nos determinaram a seguir este plano, mais resumido e mais conciso. Não quizemos ser fastidioso, nem demasiadamente prolixo.

Não é esta Memoria escripta para o publico, na maxima parte ignorante, ou pouco sabedor dos negocios do Padroado portuguez no Ultramar; mas ella foi elaborada para homens, cuja intelligencia superior, não precisa ser esclarecida sobre tão importante materia, mas só e unicamente conhecedora da opinião individual, de quem percorreu uma grande parte do vastis

simo territorio, onde está levantado o mais glorioso padrão do Padroado portuguez.

Mas, se acaso forem ainda necessarios novos e mais especiaes esclarecimentos, estamos prompto a dal-os, tantos quantos podermos dar, nas circumstancias em que nos achamos; porque hoje separado, e longe do deposito, onde haviamos archivado todas as noticias dos negocios complicadissimos do Padroado, poderão haver objectos especiaes, sobre os quaes não possamos dar de prompto todas as exigidas informações.

Temos, é verdade, em nosso poder uma grande copia de dados estatisticos, e de documentos pertencentes, ou que dizem respeito, ao Padroado da Coroa portugueza nas Indias Orientaes; mas a experiencia que tivemos, quando escreviamos esta Memoria, mostrou-nos, que não tinhamos tantos, quantos desejavamos, e nos foram necessarios.

Estamos certo, de que o Governo portuguez, conhece a importancia momentosa d'este negocio, para que da sua parte não demore a definitiva resolução d'elle, e se for necessaria a nossa presença para desfazer duvidas, rebater calumnias, tirar pretextos, apurar a verdade, e combater desarrazoadas pretenções, póde o Governo portuguez contar seguro com a nossa boa vontade em qualquer parte da Europa onde estejamos.

Quem sacrificou a sua posição, tão honesta e tão honrosa, a sua saude tão robusta, e quasi a sua vida, para conservação e melhoramento das condições do Real Padroado portuguez, não póde deixar de ter uma grande affeição a esta tão grande, tão gloriosa e tão

invejada Instituição, nem de a defender por todos os modos, e com todas as forças que Deus lhe tem dado, não se servindo d'outras armas, senão as da verdade, do direito e da justiça, sim, da justiça, que a Santa Sé Apostolica não saberá negar a Portugal, que pede lhe seja feita. *

Residencia de Cantanhede, 23 de janeiro de 1870.

João, Arcebispo Primaz do Oriente.

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