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paravel com o que goza a Sagrada Congregação da Propaganda no provimento dos seus Vicariatos Apostolicos.

Se porventura não é facil de encontrar sacerdote, que, sendo habilitado, como a Bulla de 1612 exige, queira ir para Moçambique na qualidade de simples Prelado; parece-nos que ainda será mais difficil encontrar um sacerdote convenientemente habilitado, que queira ir para aquella provincia tão insalubre, como Bispo, sem esperança de voltar ao reino, quando os annos e as enfermidades, tão frequentes n'aquelle paiz, o inhabilitarem de exercer o seu ministerio episcopal.

Emquanto, porém, á administração do Sacramento da Confirmação e das bençãos episcopaes, poderá facilmente alcançar-se da Sé Apostolica as faculdades necessarias para o Prelado de Moçambique administrar aquelle Sacramento, sagrar as pedras de ara, os calices e as patenas com o oleo, bento solemnemente por qualquer Bispo; pois não é isto privilegio novo, nem deve ser custoso de conseguir pela raridade da

concessão.

De que ha necessidade, e, segundo o nosso parecer, necessidade muito urgente, é de maior numero de Missionarios na Prelazia de Moçambique.

CAPITULO VII

Fundação d'um Convento na Africa

Occidental

Concluindo este nosso parecer sobre o Padroado portuguez nas costas d'Africa, tanto occidental como oriental, cumpre-nos expender a nossa opinião sobre a proposta da fundação de um convento para a admissão de uma ordem religiosa estrangeira em Santo Antonio do Sonho, na margem esquerda do rio Zaire ou Zairo, no reino do Congo, e expendel-ahemos com toda a liberdade, e em toda a conformidade com o nosso modo de pensar sobre materia de tanto alcance religioso e politico.

Se razões economicas e politicas muito ponderosas foram motivo sufficiente para a completa extincção de todas as ordens religiosas em Portugal, não podiam certamente essas razões ponderosas militar absolutamente para as provincias ultramarinas, e serem em todas ellas razão sufficiente da extincção das differentes corporações religiosas, que melhor ou peior, como suc

cede em todas as cousas humanas, proviam as necessidades do Real Padroado, que ellas principalmente em tempos mais felizes para Portugal tinham fundado. Esta verdade tão clara, vista á luz da historia, não poderá ser contestada.

Não duvidamos pois affirmar, que esta extincção foi, pelo menos, precipitada, e levada a effeito, só talvez para satisfazer ás idéas exageradas de certos homens menos previdentes, que sempre apparecem, e muito influem nas transformações sociaes, pelas quaes no correr dos seculos passam as nações da terra.

Mas esta medida foi julgada necessaria; a extincção das ordens religiosas está feita, e o que está feito, feito está, e não serve senão para a historia, que é a narração dos factos completos ou consummados.

é

Deverá, porém, agora admittir-se a proposta da fundação de um convento para uma Ordem estrangeira no reino do Congo pertencente ao Bispado de Angola? Não. E por que? Porque é estrangeira, e só porque estrangeira; e nós temos justo fundamento para receiar, que se não possa dizer d'aquelles Religiosos, o que José, Ministro de Pharaó, Rei do Egypto, dissera a seus irmãos: «Vós sois espias, viestes para observar os logares mais fracos do paiz. Exploratores estis: ut videatis infirmiora terræ venistis.» *

Será isto uma triste apprehensão, uma simples conjectura nossa? Será; mas nas precarias circumstancias em que se acha aquella parte do Padroado portuguez, tudo para receiar; e nós receiamos muito de uma invasão da Propaganda nos territorios da Africa Occidental.

é

Poderemos nós applicar tambem aqui o pensamento tão celebre e tão sabio do Poeta Mantuano: « Timeo Danaos et dona ferentes?» Não podemos affirmar; mas confessamos que temos fundado receio; porque assim ha mais de um seculo começou a Propaganda no Indostão. Veio primeiro como auxiliar dos Bispos do Padroado portuguez, e agora tem envidado todos os meios imaginaveis para acabar com o mesmo Padroado.

Quando desapaixonada e imparcialmente se escrever a historia das Missões nas Provincias ultramarinas portuguezas, conhecer-se-ha que os Conventos ou Congregações religiosas estrangeiras, com algumas muito honrosas excepções, não fizeram senão crear difficuldades ás auctoridades portuguezas, tanto ecclesiasticas como civis.

Damos para exemplo o que succedeu com os Capuchinhos em Madrasta, e com os Oratorianos em Goa, quando foram chamados para dirigirem o Seminario de Rachol. A sua sciencia e zelo era louvavel; mas a sua prudencia ninguem a poderá admirar.

Se a Companhia de Jesus em Portugal fosse unicamente composta de portuguezes, não teria ella, até certo ponto, incorrido na animadversão publica, que mereceu, sendo extincta com ignominia, e soffrendo uma perseguição, que as idéas ou principios da verdadeira liberdade não poderão nunca approvar. Malagrida não era portuguez.

0 Arcebispo de Góa tem algumas vezes representado ao Governo portuguez a conveniencia da admis

de uma Ordem religiosa para o mais prompto senão melhor serviço das Missões ultramarinas, e ainda somos do mesmo parecer, comtanto que os membros d'essa Congregação religiosa sejam todos portuguezes, e sujeitos só e unicamente ao Prelado Ordinario portuguez da localidade, em que forem fundados taes estabelecimentos religiosos. De outro modo parece-nos, que não é conveniente a sua admissão.

São os Religiosos Missionarios mais economicos, e geralmente mais instruidos e mais zelosos, e sempre mais apropriados ás Missões, por estarem desligados dos laços da familia, e serem educados para este fim.

Elles são tambem mais obedientes, e a obediencia é uma das primeiras qualidades do Missionario, sentinella perdida nos immensos sertões da Africa, ou nos extensos palmares da Asia, aonde só o sentimento da Religião e o espirito da obediencia o podem obrigar a permanecer, e a cumprir os seus tão difficeis e tão laboriosos deveres.

Vivendo entre os Cafres ou os Indios, que, geralmente fallando, teem uma alma mais negra pela ignorancia e pela superstição do que a pelle de seu corpo, é necessario, que o Missionario tenha grande sentimento da sua propria dignidade, para não ser arrastado á perdição pela torrente impetuosa da corrupção de costumes, que ha n'aquelles povos.

Se o Governo portuguez, possuido como se acha das verdadeiras idéas da liberdade, está emfim resolvido a admittir a fundação de uma Ordem religiosa para as Missões do ultramar, como tem a Hespanha,

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