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que o meu pensamento está vasado, mas á substancia d'elle. Se as minhas circumstancias permittirem, e o animo me não faltar, poderei dar maior extensão a esta Memoria, corrigir a fórma d'ella, e completar um trabalho, que no futuro poderá servir d'alguma utilidade, se não para a conservação do Padroado portuguez, ao menos para a his toria d'elle. Cumpre-me tambem dizer a V. Ex.a, que sendo necessarias algumas explicações ou novos esclarecimentos sobre objectos especiaes, estou prompto a dal-os, como é do meu dever.

Deus guarde a V. Ex.-Residencia de Cantanhede, 27 de janeiro de 1870.- Ill.mo e Ex.mo Sr. Ministro e Secretario d'Estado dos Negocios da Marinha e Ultramar.

† João, Arcebispo Primaz do Oriente.

MEMORIA

SOBRE

O REAL PADROADO PORTUGUEZ

NAS

PROVINCIAS ULTRAMARINAS

ESCRIPTA EM 1870

CAPITULO I

Introducção

O real padroado portuguez nas provincias ultramarinas deve ser considerado debaixo de tres differentes pontos de vista. Emquanto ao passado, emquanto ao presente, e emquanto ao futuro. O que foi, o que é, e o que póde e deverá ser.

Não trataremos n'esta Memoria do que já foi o padroado da coroa portugueza nas cinco grandes partes, em que o mundo se divide; porque não é esse o nosso intento. Em todas ellas foram plantadas as quinas portuguezas, e aquelles, que as plantaram, foram sempre acompanhados pelos sacerdotes, que no cimo das quinas gloriosas arvoraram o Estandarte precioso da Religião Christã, Catholica, Apostolica, Romana.

A Cruz e a espada, empunhadas por cidadãos portuguezes, percorreram o mundo conhecido sempre unidas, e quando esta cahiu quebrada das mãos

desfallecidas, que outr'ora com tanta valentia a tinham brandido, aquella ostentou-se sempre arvorada, e sempre triumphante, pelos ministros d'um culto religioso, que manda instruir para converter, pelos soldados d'uma milicia, que não teem, nem devem ter outras armas para dilatarem suas conquistas, senão a verdade da sua doutrina, a pureza dos seus costumes, a paciencia para soffrerem as calumnias, e o justo desinteresse das cousas da terra para mais proveitosamente cuidarem dos bens do céo-a gloria de Deus, e a salvação eterna dos ho

mens.

Se o Vice-Rei da India portugueza já não domina com o seu bastão as costas do Malabar e do Coromandel; se as suas esquadras já não assombram os mares do Indostão e da China; se Ormúz e Malácca não assignalam já os limites do imperio IndoLuzo; o Arcebispo de Goa ainda ha pouco percorreu quasi todo o Indostão com a sua Cruz Archiepiscopal alçada, e a sua jurisdicção é reconhecida em toda a parte, onde se estenderam as conquistas dos Gamas e dos Albuquerques.

O que, porém, o padroado portuguez já foi, pertence hoje á historia, e esta historia tão interessante como gloriosa, ainda que por diversos auctores se ache escripta; estamos todavia persuadido, que ella não está completa, e que espera ainda, quem a possa e queira escrever, como a verdade pede, e com a exactidão, que ella exige, para ser bem acceita e acreditada por todos.

Limitaremos pois esta nossa memoria á descripção, sufficientemente circumstanciada, do que ao presente é na realidade o padroado portuguez nas provincias. ultramarinas, e muito especialmente nas Indias Orientaes, como parte mais importante d'elle; e daremos com toda a liberdade de opinião, como se exige de nós, um parecer consciencioso sobre o que o mesmo padroado póde ser, e convem que seja no futuro. *

* Este asterisco serve para indicar uma nota, que será publicada na segunda parte d'este volume, e servirão para o mesmo fim os outros, que se encontrarem.

CAPITULO II

Estado actual do padroado

portuguez

O real padroado portuguez das provincias ultramarinas existe hoje de facto e de direito nas seguintes localidades:

-Na Africa Occidental, os Bispados:

1.° De Cabo-Verde.

2.° De S. Thomé e Principe.

3. De Angola e Congo.

-Na Africa Oriental:

4. A prelasia Nullius Diocesis de Moçambique. Nas Indias Orientaes:

5.° 0 Arcebispado Metropolitano e Primaz de Goa.

6.o 0 Arcebispado ad honorem de Cranganor.

7.o O Bispado de Cochim.

8.o O Bispado de S. Thomé de Meliapôr.
9.o O Bispado de Malácca.

-Na China:

10.o O Bispado de Macáu.

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