rião defender a sua communicação; porém tanto que virão que marchavão em direitura a elles, se recolherão á Praça. O Coronel, que tinha ordem para destacar cincoenta homens do lugar da Barca logo que ganhasse a vinha, o executou; mas não lhe foi possivel queimallo, por ficar da outra parte do Rio debaixo do fogo de huma trincheira dos inimigos: porém hum Tenente, e muitos Granadeiros briosamente se offerecerão a passar com valor o Rio a nado, sendo neste sitio mais rapido do que se póde imaginar. Conseguida a expedição, Pedro Carle se retirou deixando ao Coronel André Pires postado de sorte, que não podião os inimigos ter communicação alguma pelo Rio. Assim que D. João Manoel teve perfeita a bataria, principiou a bater a Cidade a 13 do referido mez ás 5 horas da tarde; e em pouco lhe desmontou quatro peças, que atiravão sobre o nosso ataque.

Vendo os inimigos, que nos não podião fazer damno com a sua arti

Iharia, derão principio a huma bataria sobre o ramal esquerdo de huma ebra corna, que cobre hum lado do Castello, com que poderião offender o nosso ataque; porém o General D. João Manoel com singular accordo tomou a resolução de a mandar atacar, tanto que fosse noite, com a es pada na mão: o que encarregou ao Brigadeiro Thomaz da Silva Telles, (depois Visconde de Villa Nova da Cerveira) que pela posta tidha chegado da Provincia do Alemtéjo ao campo no dia antecedente para assistir ao sitio, e se lhe derão duzentos e cincoenta Granadeiros á ordem do Coronel Francisco de Arez, e duzentos infantes, governados pelo Sargento-Mór João Pisano. Executou Thomaz da Silva esta acção com tanto vigor, que conseguio que os inimigos abandonassem a obra corna, contentando-se em fazer hum grande fogo de artilharia, e mosquetaria sobre os nossos Soldados, que logo se cubrirão de traz da muralha da męsma obra: foi conseguida esta acção

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com tapta felicidade; ques não per demos nem hum Soldado, e sómente o Capitão de Granadeiros João da Cos ta: Ferreira, que nesta occasião se havia distinguido, recebeo huma: bala de mosquete em huma perna.

Ao mesmo tempo batia vigoro samente a nossa artilharia a Praça desorte, que vendo os sitiados se co meçava abrir a brecha, tocárão a chamada ás oito horas da manhã do dia 15 de Março, e mandárão hum Tenente, pedindo tres dias para se resolverem no que devião fazer: o General D. João Manoel com aquelle generoso espirito, de que se animava, The respondeo, que elle não tinha que lhe dizer, senão estas poucas palavras: Que a guarnição havia ser pri sioneira de guerra, e que lhe dava meia hora para se resolverem; e pe lo que respeitava aos Officiaes, se The farião todas as: honras permittidas. Para tratar este negocio mandou ao Brigadeiro Thomaz da Silva ajustar com o Governador a entrega; e detendo-se pouco Thomaz da Silva,

voltou dizendo, que os Officiaes da guarnição não querião consentir em ficarem prisioneiros de guerra, e pedião alguma moderação naquelle Tratado: o General D. João Manoel não deo outra reposta a esta propozição, mais que mandar bater vigorosamente a Praça, e passou ordem para se dar assalto geral com todos os Granadeiros do Exercito, e alguns Regimentos: o que observado da Praça, tocárão segunda vez á chamada: voltou a ella Thomaz da Silva Telles, e capitulou com o Governador, que a guarnição ficaria prisioneira de guerra á mercê do Mestre de Campo General D. João Manoel; e tanto que se assignárão as Capitulações da entrega, no dia 15 de Março, pelo Brigadeiro Thomaz da Silva Telles, e o Tenente Rei, Commandante da dita Praça, D. Antonio de Mendonça e Sandoval, a ratificou o General D. João Manoel de Noronha, que mandou logo occupar a porta principal com cem Granadeiros, e a brecha com cincoenta. Os prisioneiros forão

o Governador D. Antonio de Mendonça e Sandoval, hum Tenente Coronel, o Sargento-Mór da Praça, o Tenente de Fuzileiros, e o seu Alferes, o Ajudante do primeiro batalhão de Palomino, dezoito Capitães, treze Tenentes, dezeseis Alferes, trinta e oito Sargentos, quatorze Tambores, e novecentos e trinta e sete Soldados, o Commissario da Artilharia, e Artilheiros, que fazião por todos mil eltrinta e seis, a quem não concedeo o General mais que ficarem com a sua roupa e o ardor, e actividade, com que o General se lançou sobre a Cidade, tomando-lhe a communicação, os pôs na grande confusão de se renderem com tanta brevidade no referido dia. Mandou D. João Manoel demolir Alcaniças, e conservar a Puebla, e Carvajales, que he hum Forte de pequeno recinto; porém depois os inimigos a sitiárão a 12 de Maio, governando já o Conde de Alvor a Provincia, em que não havia mais que hum Regimento de Cavallaria, e dois de In

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