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armazem de arroz, e outro de peixe secco; de sorte que ficou nas mãos dos vencedores tudo quanto os Mahometanos ajuntárão em muitos mezes para a empreza de conquistar Corfú.

Desta maneira acabou, depois de vinte e cinco dias de trincheira aberta, este famoso sitio emprehendi, do, não para accrescentar esta conquista ao Imperio Turco, como o Sultão pertendia, mas para fazer esta Ilha novamente celebre no Mundo, e deixar gloriosos os seus defensores,

Continuando a armada Portugueza com toda a diligencia a derrota de Corfu, chegou a tempo em que os Turcos havião levantado o sitio; e não havendo em que se empregar naquelles mares, nos quaes padecéo sempre ventos contrarios, se fez na volta de Lisboa, aonde entrou a 25 de Novembro do referido anno, e ahi esteve até 28 de Abril do anno seguinte, em que a veremos tornar a sahir neste dia, e chegar a Corfú a 10 de Julho.

CAPITULO XX.

Relação da solemne Procissão de •preces, que por ordem da Côrte Ottomana fizerão os Turcos na Cidade de Meca, para alcançar a assistencia de Deos contra as armas do Imperador d'Alemanha e mais Potencias Christãs. Traduzida de buma que se recebeo dos confins do Imperio Mahometano.

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GUERRA como huma das maiores calamidades do Mundo em todos os tempos foi formidavel, e a todas as nações se faz horrivel. Pode atropellar a consideração das suas consequencias, ou a demasiada ambição de se engrandecer, ou a justa necessidade de se conservar. Póde ser util aos particulares, por adiantarem com ella os seus interesses; mas sempre he damnosissima aos Estados pelos

prejuizos, que della lhes resultão. Ha Ministros, que ou subornados por Potencias estrangeiras, ou com animo de fazer dependentes do seu favor os outros Vassallos, e sustentar a fortuna do seu valimento com o número das suas creaturas, influem espiritos guerreiros nos seus Principes, sacrificando a sua conveniencia particular, nos accidentes de huma guerra, a decadencia de huma Monarquia. No Imperio Ottomano, por se fazer arbitro das forças delle, fez mover o Grão-Vizir as armas do seu Monarca contra Veneza no anno de 1715, rompendo os vinculos da paz tecidos no Tratado de Carlowitz. Ganhou o passo do famoso Isthmo de Corintho ; conquistou em huma campanha o celébre Reino da Moréa; entrou com tropas na Dalmacia; infestou com as suas armadas os mares, e as Ilhas do Dominio Veneziano; poz em consternação toda aquella República, e teve com sobresalto a Italia toda; porém todos os triunfos desta campanha fórão contrapezados com a sus

to de ouvir as representações do Imperador d'Alemanha contra o rompi mento da paz com os seus Alliados; vêr inundar das mais excellentes tropas do Mundo as fronteiras de Hun gria, e Transilvania; e suspeitar negociações de allianças com a mesma República, com alguns Principes de Italia, e com o Czar de Moscovia, hum dos mais poderosos Monarcas. O Mufti Pontifice Summo,

ou

primeiro Ministro da Religião Mahometana, cujos conselhos os Imperadores Turcos attendem sempre para a declaração da guerra, havia sido contrario a ella com hum sequito de muitos Conselheiros oppostos á parcialidade do Vizir, os quaes depois representavão mais horrorosas ao Sultão as forças Alemãs, não só pelo número (com excederem ás de todos os Imperadores passados) mas pela bondade das tropas, superiores a todas na disciplina, e nas experiencias, e pela excellencia dos Generaes sem disputa famosos.

Na consideração das consequen

cias do rompimento, procurou o Sultão evitallo por todos os caminhos; mas entendendo que o mais seguro era o de implorar sempre a assistencia, e protecção do Deos dos Exercitos, aquem, ainda que cega, e barbaramente, conhece por Author de tudo, resolveo mandar encommendar a resolução deste negocio nas orações de todos os subditos do seu Imperio, celebrando em todo elle varios dias de jejum, e de preces, e fazendo huma Procissão solemne em Meca, Cidade de Arabia, tão venerada entre os Mahometanos por lugar da sepultura do seu falso Profeta, como Jerusalem entre os Christãos, por hum edital seu, cuja substancia era:

Mustapha II. pelas infinitas graças do todo poderoso Creador, e pela abundancia dos milagres dos seus Profetas, Imperador dos victoriosos Imperadores; Distribuidor das Coroas aos maiores Principes da terra; Servidor das duas muito sagradas, e muito augustas Cidades de Meca, e

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