Sayfadaki görseller
PDF
ePub

CAPITULO XXXI

Considerações geraes sobre o corso. - Tomada do corsario "Honor". Combate da barra de S. Luiz. — Apresamento do corsario "Feliz". Encontro de Aregui. Fala do throno. O nosso material naval em 1828. Novos Ministros da Marinha. · Perfidia argenOutras noticias.

I.

tina.

[ocr errors]

Dia a dia os nossos bravos marujos, supportando resignados todas as agruras de uma guerra rude e longa, iam denodadamente reduzindo o poder naval do inimigo impenitente.

Já sem recursos para a guerra, sem forças para conter a ambição desmedida dos gauchos provincianos, o governo inimigo, por meio de seus representantes, implorava á Inglaterra uma mediação piedosa, afim de arrancal-o daquelle inferno horrivel a que se lançára num rasgo de bravura quixotesca.

A guerra inopportuna, desnecessaria, que, com tanta precipitação e tanta cegueira, nos fôra declarada, não podia manter-se com o mesmo gráo de enthusiasmo e de energia dos primeiros dias.

O cansaço de quasi tres annos de campanha, o desanimo deante dos constantes revezes mal compensados por insignificantes victorias, haviam chegado; todos os meios escasseavam e o patriotismo de muitos homens de responsabilidade se havia obliterado para degeneraf, dentro em pouco, em sordida ambição de fazer facil fortuna á custa de vergonhosas depredações e rapinas contra o nosso commercio maritimo. Em terra as operações militares do inimigo haviam feito ponto final com essa tão decantada e risivel victoria de Ituzaingó que, até hoje, apezar das loas dithyrambicas e escandalosas do irrequieto sr. E. Zeballos e dos monumentos erigidos, ultimamente, para dar-lhe certo cunho de veracidade, continúa e continuará a ser problematica e sempre contestada, mercê de Deus e da verdade historica.

A ganancia de certos homens era tal, que se organisaram companhias e sociedades de armadores corsarios para infestar as nossas costas, depredando o nosso commercio maritimo.

Aventureiros de toda a casta foram aproveitados para commandar e guarnecer taes navios, e até os proprios officiaes e marujos da inactiva e prudente marinha de guerra argentina, aspirando maiores proventos, abandonavam cs navios militares, para se atirarem ao corso desbragado. O proprio Brown não poude escapar a esse contaminoso prurido de enriquecer a custa do commercio maritimo brazileiro, comprovando assim o conceito de que todos os officiaes argentinos do "tempo foram más ó menos piratas".

Já não eram corsarios, cingidos a regulamentos e a determinadas leis; mas uma chusma impudente de verdadeiros piratas, que se atirava á rapina em nossos mares.

O governo argentino, impotente e desmoralisado, não tinha meios para cercear a ousadia e o abuso dos flibusteiros; e cohonestava, entãc, aquella vergonhosa pratica como uma necessidade da guerra.

Eis a explicação dos continuados encontros de nossos vasos com corsarios, encontros estes mais frequentes do que com a esquadra adversa. Até certo ponto era o nosso governo culpado desse estado de coisas. Empregando grande parte de marujos estrangeiros, não lhes dava uma paga capaz de evitar as deserções e os faceis e communs bandeamentos para a esquadra adversa, onde havia a compensação das porcentagens sobre o valor dos navios apresados.

A marinha mercante das Provincias Unidas do Rio da Prata era insignificante e não offerecia nenhum pasto á cubiça dos estrangeiros.

Já não se dava o mesmo com a nossa. O governo brazileiro não se lembrou nunca de contrabalançar esta desvantagem, melhorando os vencimentos de nossos marujos. Se assim acontecesse, bloqueados os portos inimigos, não tinham os argentinos onde buscar marujos para guarnecer os seus vasos e, com mais forte razão, os navios corsarios.

Os marujos nacionaes, bravos e resignados, sujeitavam-se é verdade, mas viam mal remunerados os seus esforços. Em 1827 0 deputado Cunha Mattos, em discurso na Camara, dizia: "...olhar para um marinheiro é o mesmo que olhar para um ente desgraçado, indigno de ter o nome de marujo dos navios de guerra do Imperio do Brazil".

Temos visto que, por muito poucas vezes, durante quasi tres annos de guerra, a esquadra argentina terçou armas, leal e bravamente, com as nossas divisões bloqueadoras. Onde estão, pois, os vinte e nove combates victoriosos da esquadra argentina na guerra que estudamos,

apontados com tanto orgulho pelo Coronel A. Baldrich em seu volumoso livro "La guerra del Brazil"?

Prosigamos, porem, em nossa modesta e lacunosa narrativa, sem outro intuito que o de fazer conhecidos todos os passos, acertados ou falhos, dos nosscs avós marujos, nesta rude campanha, afim de que nos sirvam de lição proveitosa, que nos habilite a bem servir o nosso caro Brazil em qualquer outra contingencia que se nos apresente um dia.

II.

Continuava a postos a nossa divisão do Rio Salado.

Cruzava ao largo a fragata Principe-Imperial do commando do Primeiro Tenente Carlos Rose, quando a 22 de Abril foi avistada uma vela no horisonte.

Navegaram ao seu encontro e reconheceram os marujos nacionaes que era o corsario argentino Honor (ex-Pojuca). Perseguido e metra-、 lhado pelos nossos, em pouco tempo arriou a bandeira e rendeu-se.

III. Haviamos deixado alguns barcos orientaes campeando na lagoa Mirim, no Rio Grande do Sul. Deante disso o governo imperial começou a reunir elementos na cidade do Rio Grande.

Organisada que foi uma pequena frotilha, o seu commandante pedio reiteradas vezes para atacar o inimigo. O General visconde da Laguna o nosso Fabio Cuntactor não annuio ao pedido, julgando, na sua alta sabedoria, que só um Chefe de Divisão como o bravo João Taylor (que voltára ao nosso serviço), esperado do Rio, poderia levar a bom termo tão transcendente empreza. O Commandante interino da frotilha era o Segundo Tenente em commissão Manoel Joaquim de Souza Junqueira (1) que, com seus navios, se achava fundeado no Sangradouro esperando noticias seguras dos movimentos do inimigo.

A força oriental na lagoa constava da canhoneira Lavalleja (exDoze de Outubro) commandada pelo Major Calixto José Garcia, do lanchão Oriental, e dos hiates Buenos-Aires e Mirim, armados com uma peça de calibre 9, commandado o ultimo pelo Tenente Juan Bautista Escotino.

(1) Falleceu em Porto-Alegre no posto de Capitão-Tenente a 19 de Abril de 1870, tendo nascido a 22 de Novembro de 1788.

Recebendo o commandante Junqueira informações certas de ter o inimigo sahido de Sebolaty, deixou a canhoneira de seu commando e outra, que por seu calado não poderiam salvar o banco existente, e fez-se de vela com a Taquarembó, commandada pelo Segundo Tenente da Brigada de Marinha Antonio Pedro Gonçalves, a Valerosa, commandada pelo Piloto José Moreira Guerra (1) e a Vigilante do commando do Piloto Luiz Alves dos Santos Marques (2), em demanda do inimigo.

Encontrada que foi a flotilha oriental, na barra do S. Luiz, a 23 de Abril de 1828, estabeleceu-se logo calorosa peleja. A canhoneira Lavalleja, depois de uma hora e um quarto de lucta, foi abordada e tomada, cahindo prisioneiros o seu commandante e um official. Os dois hiates e o lanchão, deante da impetuosidade levada pelos nossos ao ataque, deitaram a fugir a todo pano e a remos, e foram encalhar na costa, nas proximidades de arroio S. Luiz, onde as suas guarni'ções os destruiram. Tivemos nesse combate 3 feridos, sendo um gra

vemente.

Em face desse desastre o exercito alliado, então commandado pelo General Lavalleja, não mais se abalançou a marchar sobre a cidade do Rio Grande de S. Pedro, comò era seu deliberado intento.

IV. Um dos poucos corsarios inimigos, escapos á vigilancia dos nossos cruzadores, continuava a fazer seus cruzeiros.

Chamava-se Feliz e era armado com II peças; o nome muito bem lhe assentava.

Certo dia, porém, a 24 de Maio, a felicidade não mais lhe sorrio, pois tentando forçar c bloqueio foi capturado pelos brigues nacionaes Niger do commando de Craig e Caboclo, commandado por Inglis, ambos da divisão do ric Salado, então dirigida pelo Capitão de Fragata Jacintho Roque de Senna Pereira.

[ocr errors]

V. No dia 29 de Maio, voltava de um cruzeiro ás costas do Rio Grande o brigue-escuna Ocho de Febrero (ex-D. Januaria), armado com 6 canhões de calibre 12 e quatro de 8, com 79 praças de guarnição e commandado pelo major Tomás Espora.

(1) Nasceu em 1807 e falleceu no posto de Capitão-Tenente.

(2) Nasceu em 1794 e falleceu no posto de Capitão-Tenente a 4 de Julho de 1858.

« ÖncekiDevam »