HISTORICO
DO ESTADO
DA UNIVERSIDADE

DE

COIMBRA

NO TEMPO DA INVASÃO DOS DENOMINADOS

JESUITAS

E

DOS ESTRAGOS

FEITOS NAS SCIENCIAS
E NOS PROFESSORES, E DIRECTORES
QUE A REGIA M

PELAS MAQUINAÇÕES, E PUBLICAÇÕES
DOS NOVOS ESTATUTOS
POR ELLES FABRICADOS.

LISBOA
NA REGIA OFFICINA TYPOGRAFICA,

ANNO MDCCLXXII,

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1320

D

e

Deos, Rei de Portugal, e dos Algarves, daquém dalém Mar em Africa Senhor de Guiné, e da ConCommercio da E

quista, Navegação thiopia, Arabia, Perfia, e da India, &c. A todos os Meus Fieis Vaffallos def tes Reinos e feus Dominios faude. Havendo conhecido o Senhor Rei Dom Diniz, que os heroicos feitos, com que os feus gloriofos Predeceffores tinham lançado os Mouros deftes Reinos para os Algarves de Além Mar, não feriam baftantes para o eftablecimento da Monarquia Portugueza, em quanto as Armas não foffem affociadas pelas Letras; fundou na Cidade de Coimbra para os Eftudos das Artes Liberaes, e das Sciencias a florente Universidade, que o Senhor Rei Dom Fernando tranfplantou para efta Cidade de Lisboa; e que o Senhor Rei Dom João o Terceiro reftituio á fobredita Cidade, onde as Letras de Por

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Portugal haviam tido o feu primeiro berço; dotando-a copiofamente; condecorando-a com fumptuofos Edificios; e ornando-a com os Eruditos, e affinalados Meftres , que fizeram os grandes progreffos Literarios com que a mesma Univerfidade foi tão admirada na Europa até o anno de mil quinhentos fincoenta e finco; no qual os denominados Jefuitas depois de haverem arruinado os Eftudos Menores com a occupação do Real Collegio das Artes em que toda a Primeira Nobreza de Portugal recebia a mais util, e louvavel Educação; passáram a deftruir tambem fucceffivamente os outros Estudos Maiores com o máo fim, hoje a todos manifefto, de precipitarem os Meus Reinos, e Vaffallos delles nas trévas da ignorancia. E porque como Rei, como Senhor Soberano, que no Temporal não reconhece na Terra Superior, como Supremo Magiftrado, e como Protector da mesma Universidade, me pertence fazer examinar as caufas da

fua